Preço do petróleo DESABA mas ações da Petrobras DISPARAM. Entenda o que aconteceu

Até um tempo atrás era bem mais tranquilo descobrir a trajetória das ações da Petrobras. Quando o petróleo disparava, as ações da Petrobras seguiam o rastro. Quando a situação era oposta, a Petrobras também sofria. Porém, esta lógica não está sendo a realidade atualmente.

No dia 3 de março, o petróleo era vendido a US$128 por barril, patamar muito próximo de suas máximas históricas no mercado futuro de Londres. De lá pra cá, o valor já caiu 28%, a US$92.

E como ficaram as ações da Petrobras em meio a isso? Indo contra o que se esperava, as ações preferenciais (PN, com preferência por dividendos), como também as ordinárias (ON, com direito a voto em assembleias), dispararam 35% paralelamente.

De acordo com a sócia da Macro Capital, Priscila Araújo, este movimento atípico é decorrente, em especial, do período de eleições. Após tantas alterações no comando,  diante da clara interferência do presidente Jair Bolsonaro, a queda do petróleo acabou virando uma sinalização positiva para a estatal, apesar dos seguidos cortes no preço dos combustíveis, que acabam reduzindo as margens de lucro da empresa.

“Tecnicamente, faz todo o sentido a empresa andar alinhada aos preços internacionais, como tem sido. Mas, às vésperas das eleições, a conjuntura acabou juntando a fome à vontade de comer, curiosamente reduzindo a percepção de risco político. Afinal, se o petróleo sobe, o governo pode voltar a tentar interferir na companhia. Se cai, o governo deixa de tentar conter a inflação e a queda de popularidade do presidente à custa da governança da companhia. Por incrível que pareça, acaba que o petróleo em queda virou o melhor dos mundo para a Petrobras, sendo o pior deles o petróleo voltar a subir como subia, primeiro sob choque da pandemia, depois da guerra na Ucrânia”, explicou Priscila ao Valor Investe.

Ainda no universo político, as ações da estatal foram sustentadas nos últimos meses pela expectativa de melhora de Bolsonaro nas pesquisas de intenção de voto. “Como o ex-presidente fala abertamente em romper com a política de paridade com os preços internacionais, e Bolsonaro fala em privatizar se eleito, essa esperança ajudou a aguçar o apetite pelos papéis da companhia nas últimas semanas”, disse Priscila ao Valor.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.