Desde o mês de agosto, milhares de cidadãos vulneráveis passaram a receber o Auxílio Brasil de R$ 600. O valor representa o aumento de R$ 200 acima da parcela fixa de R$ 400 paga até julho. Ainda assim, o benefício é insuficiente para custear a cesta básica para cerca de 2,4 milhões de famílias.
Uma apuração feita pelo Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), aponta que a cesta básica era comercializada na capital paulista pelo preço médio de R$ 749,78 no mês de agosto. O valor é maior do que o atual Auxílio Brasil de R$ 600.
O valor é R$ 149,78 superior ao Auxílio Brasil de R$ 600 recebido por 20,65 milhões de famílias brasileiras em situação de vulnerabilidade social neste mês de setembro.
O hiato entre o mínimo necessário para viver e o Auxílio Brasil de R$ 600 é uma realidade sentida na pele pelos beneficiários de outras 11 capitais analisadas pelo Dieese. Somente em oito capitais brasileiras o benefício consegue suprir os custos de uma cesta básica.
Capitais onde o Auxílio Brasil de R$ 600 compra a cesta básica
- Belo Horizonte – R$ 638,19;
- Belém – R$ 634,85;
- Fortaleza – R$ 626,98;
- Recife – R$ 598,14;
- Natal – R$ 580,74;
- Salvador – R$ 576,93;
- João Pessoa – R$ 568,21;
- Aracaju – R$ 539,57.
Capitais onde o Auxílio Brasil de R$ 600 é insuficiente para comprar a cesta básica
- São Paulo – R$ 749,78;
- Porto Alegre – R$ 748,06;
- Florianópolis – R$ 746,21;
- Rio de Janeiro – R$ 717,82;
- Campo Grande – R$ 698,31;
- Vitória – R$ 697,39;
- Brasília – R$ 689,31;
- Curitiba – R$ 685,69;
- Goiânia – R$ 660,83.
Poder de compra do Auxílio Brasil de R$ 600
A variação do poder de compra do Auxílio Brasil de R$ 600 em relação à cesta básica sofre variações de acordo com o custo de vida em cada região analisada pelo Dieese.
Em um estudo publicado em 2021, o coordenador da Cátedra Ruth Cardoso e professor do Insper, Naercio Menezes, evidenciou os impactos que os benefícios sociais podem ter em orçamentos familiares de regiões distintas.
Na época, o levantamento foi realizado com base nos preços praticados pelo mercado em abril de 2021. Na época, foi identificado que um residente do Ceará precisaria de R$ 134 para comprar alimentos e consumir as calorias necessárias. Já em São Paulo, o valor mínimo necessário aumentou para R$ 180.
Destacando que a quantia é pessoal. Logo, neste segundo cenário, levando em conta as necessidades de uma família composta por quatro pessoas, os gastos com alimentação seriam de R$ 736.
“Os R$ 600 (do Auxílio Brasil) não são suficientes para a pessoa que mora na região metropolitana de SP comer o suficiente e ter as calorias necessárias, por isso que tem a volta da fome. Eu defendo os valores diferenciados porque o custo de vida é diferente”, afirmou Menezes.