Dólar volta a subir e bolsa de valores a cair; entenda o que está acontecendo

Pontos-chave
  • O dólar vem operando acima dos R$ 5;
  • A bolsa de valores brasileira registra tendência de queda;
  • O mercado vem discutindo reflexos da inflação nos Estados Unidos.

Nesta segunda-feira (13), o dólar segue a tendência de alta. Na outra direção, a bolsa de valores brasileira mantém a trajetória de queda no primeiro pregão da semana. O mercado tem demonstrado maior oscilação após a divulgação do índice de preços ao consumidor nos Estados Unidos.

Dólar volta a subir e bolsa de valores a cair; entenda o que está acontecendo
Dólar volta a subir e bolsa de valores a cair; entenda o que está acontecendo (Imagem: Montagem/FDR)

Logo depois da abertura desta segunda-feira, a moeda americana registrou alta em relação ao real, operando acima dos R$ 5. Já a bolsa de valores brasileira, a B3, tem se aproximado do patamar de 100 mil pontos.

Por volta das 11h30, o dólar apresentava alta de 2,72%, sendo negociado a R$ 5,124 na venda. No mesmo horário, o Ibovespa, principal índice da B3, recuava 3,51%, aos 101.776 pontos.

Dólar e bolsa de valores mantêm tendência da semana passada

Na última sexta-feira (13), o dólar finalizou em alta semanal de 4,43%. Os investidores demonstraram preocupação sobre o cenário fiscal brasileiro, políticas do Banco Central Europeu (BCE) e inflação nos Estados Unidos. Pela segunda semana consecutiva, a moeda estrangeira registrou aumento.

Apenas na última sessão da semana passada, a moeda estrangeira apresentou alta de 1,48%, a R$ 4,989. Este foi o maior nível para fechamento desde 16 de maio, quando a cotação tinha sido de R$ 5,05.

O Ibovespa, por sua vez, apresentou recuo de 5,06% na mesma semana. O índice da bolsa de valores brasileira ainda repercutiu as incertezas em meio aos diálogos sobre combustíveis. Outros fatores de pressão foram a queda no petróleo e no minério de ferro.

No pregão da sexta, o índice da B3 caiu 1,51%, a 105.481 pontos. Esta foi a sexta sessão consecutiva de recuo.

De modo geral, as empresas que integram a carteira teórica foram impactadas na semana passada. No entanto, houve maior reflexo para as companhias que dependem da saúde econômica brasileira — como famílias com alto poder de compra, forte consumo e juros baixos.

Por exemplo, a fabricante de computadores Positivo apresentou queda acumulada semanal de 20,25%.

Entre as grandes varejistas do país, a Magazine Luiza registrou a maior desvalorização, de 19,22%. Ao considerar as empresas aéreas, a Azul teve perdas de 16,37%. No setor de moda e vestuário, as Lojas Renner registraram diminuição de 14,58% na semana.

As reuniões de política monetária dos bancos centrais dos EUA e Brasil agitam os mercados
As reuniões de política monetária dos bancos centrais dos EUA e Brasil agitam os mercados (Imagem: Montagem/FDR)

O que está acontecendo nos mercados

No cenário exterior, os mercados tem sido pressionados pelas preocupações de aumentos na taxa de juros mais agressivos nos Estados Unidos. Isso acontece após serem divulgados dados da inflação acima do estimado.

Na sexta-feira passada, o Departamento do Trabalho dos EUA divulgou que, em maio, o índice de preços ao consumidor do país registrou aumento de 1% frente ao mês anterior. Os economistas consultados pela Reuters projetavam uma alta mensal de 0,7%.

No acumulado de 12 meses até maio, a inflação nos Estados Unidos totalizou 8,6%. Este foi o maior nível desde dezembro de 1981, quando tinha ficado em 8,9%.

Nesta quarta-feira (15), o Federal Reserve (Fed, o Banco Central norte-americano) anunciará a nova taxa de juros no país. Os mercados estimam que o reajuste seja de 0,5 ponto percentual. Contudo, por conta da forte inflação, há analistas que consideram a possibilidade de uma elevação mais agressiva.

Já no panorama interno, o Banco Central brasileiro também discutirá um possível aumento dos juros nesta quarta-feira. De modo geral, o mercado espera que o Comitê de Política Monetária (Copom) do BC eleve a taxa Selic em 0,50 ponto percentual. Assim, a taxa de juros chegaria a 13,25% ao ano.

O Goldman Sachs também prevê um reajuste nessa proporção. De qualquer modo, o banco espera que a autoridade monetária deixe em aberto a possibilidade de outro aumento moderado dos juros na reunião de agosto.

A instituição também não desconsidera o encerramento do ciclo da Selic na reunião desta semana — com uma elevação acima dos 0,5 ponto percentual.

Para essa análise, o Goldman Sachs citou os “efeitos desasados de uma postura monetária já claramente restritiva” e também a “maior incerteza geopolítica e econômica global em meio à alta volatilidade financeira.

Silvio SuehiroSilvio Suehiro
Silvio Suehiro possui formação em Comunicação Social - Jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC). Atualmente, dedica-se à produção de textos para as áreas de economia, finanças e investimentos.