- Jair Bolsonaro afirma que privatização da Petrobras pode levar alguns anos;
- Presidente critica sistema adotado pela estatal;
- MME formalizou pedido para inserir empresa em programa que pode resultar em privatização.
O presidente Jair Bolsonaro defendeu que a Petrobras seja “fatiada” em um processo de privatização. Segundo ele, o processo de desestatização levaria aproximadamente quatro anos. As declarações foram realizadas em entrevista ao programa de rádio do apresentador Ratinho, divulgadas nesta terça-feira (31).
De acordo com o presidente, a divisão da Petrobras poderia facilitar a venda da empresa. Jair Bolsonaro afirmou que “a privatização da Petrobras leva no mínimo quatro anos”. “Tenho a ideia de fatiar a Petrobras. Realmente não está dando certo atualmente”.
Em meio à preocupação com o reflexo dos preços dos combustíveis na popularidade do governo, o presidente chamou a estatal de “Petrobras Futebol Clube”. Isso por conta do suposto interesse somente no lucro, em detrimento da alta do custo de vida para as pessoas.
Segundo Bolsonaro, “apesar de estar na Constituição seu caráter social, ela não se aplica”. O chefe do Executivo afirma que a Petrobras “tem um lucro fenomenal. Não se compara, percentualmente com outras petrolíferas de mundo todo”.
O presidente da República alegou que a companhia pode “quebrar o Brasil” se seguir aumentando o preço dos combustíveis.
“Combustível é a correia da inflação. Somos obrigados a comprar gasolina e diesel fora do Brasil, o que ajuda a encarecer o preço”, considera.
Bolsonaro critica sistema de paridade internacional da Petrobras
Segundo o presidente, a companhia não pode seguir usando a paridade de preços internacionais. Esse sistema atrela o reajuste dos valores dos combustíveis à variação do barril de petróleo no mercado exterior.
Bolsonaro destaca que “ninguém quer interferir, nem vai interferir nos preços”. Apesar disso, ele afirma que “a Petrobras não pode continuar usando a paridade de preço internacional — sendo que nós somos autossuficientes, não somos em refino —, sempre repassando isso para o povo”.
Presidente critica acionistas minoritários da Petrobras
O presidente ainda lembrou o lucro líquido da Petrobras. No primeiro trimestre deste ano, a empresa registrou um ganho de R$ 44,5 bilhões. Em meio a este cenário, Bolsonaro criticou os acionistas minoritários da empresa.
“Os papéis foram vendidos na época do governo Lula. Desses R$ 44 bilhões de lucro, em torno de 40% vão para os acionistas minoritários. E vão, aproximadamente, para fora do Brasil R$ 6 bilhões por mês atualmente, em parte considerável, para o fundo de pensão para fora do Brasil”, declara.
“Ou seja, esse pessoal não quer saber se o Brasil tem problema ou não tem. Quer lucro”, completa.
Possibilidade de inclusão da Petrobras em programa que pode resultar em privatização
Nesta segunda-feira (30), o Ministério de Minas e Energia formalizou, ao Ministério da Economia, o pedido de adição da Petrobras na carteira do Programa de Parcerias e Investimentos (PPI). Esta é a fase inicial para o processo de uma possível privatização da empresa.
Em nota, a MME declara que a inclusão da empresa no PPI visa “dar início aos estudos para a proposição de ações necessárias à desestatização da Empresa, os quais serão produzidos por um comitê interministerial a ser instituído entre o Ministério de Minas e Energia e o Ministério da Economia”.
Segundo a pasta, a proposta é oportuna nesta situação. Isso por conta das condições de mercado mundial de energia, “em face da situação geopolítica mundial, das discussões sobre o ritmo da transição energética e do realinhamento global dos investimentos”.
O MME ainda argumenta que o processo de privatização da empresa é essencial “à atração de investimentos para o País e para a criação de um mercado plural, dinâmico e competitivo, o qual promoverá ganhos de eficiência no setor energético e uma vigorosa geração de empregos para os brasileiros”.
À Record News, o presidente da Câmara, Arthur Lira, pressionou, novamente, o governo pelo envio de um projeto de lei ao Congresso para a venda de parcela das ações da Petrobras. Desse modo, a União não seria mais a acionista majoritária da companhia.
Lira considera não ser possível desestatizar a empresa agora. Apesar disso, ele declara que “nós, agora, teremos condições, se o governo mandar, de vender parte das ações da Petrobras, isso subsidiado por um projeto de lei de maioria simples, no Congresso Nacional, e o governo deixa de ser majoritário”.