O veterano investidor em países emergentes, Mark Mobius, indica um cenário complexo no Brasil. Isso acontece diante de um quadro político incerto e aumento das taxas de juros. Em entrevista à Bloomberg News, o megainvestidor prevê um favorito nas Eleições 2022.
Na área de investimentos, atualmente, as ações brasileiras buscam se recuperar — após a primeira redução anual, no ano passado, desde 2015. O Ibovespa, principal índice da B3, teve um dos piores desempenhos pelo mundo.
Mesmo que os múltiplos descontados já incorporem grande parcela das notícias negativas, é possível existir espaço para pressão adicional. Isso porque, segundo Mobius, as autoridades — no Brasil e pelo mundo — se movimentam para reverter a política monetária.
Neste momento, o megainvestidor afirma que os juros em alta, a contínua inflação elevada e a novas variantes do coronavírus são os maiores riscos para os mercados brasileiros.
Mobius indica o favorito para vencer as Eleições 2022
Até o momento, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vem liderando as pesquisas de opinião.
Como exemplo, a pesquisa PoderData — feita de 16 a 18 de janeiro — indica o candidato do Partido dos Trabalhadores (PT) com 42% das intenções de votos. Isso representa um empate técnico entre o petista e a some de todos os outros nomes apurados.
Segundo Mobius, Lula deve vencer a eleição presidencial. Nas Eleições 2022, entre os concorrentes, está o atual presidente Jair Bolsonaro, e o ex-juiz Sergio Moro.
Na avaliação do megainvestidor, “seria perigoso presumir que uma eleição do Lula seria ruim para o mercado”. Ele lembra que o mercado teve desempenho positivo após a primeira eleição de Lula, em 2002 — após uma fase de “hesitação e medo” pelos investidores.
Conforme Mobius, o petista poderia ser bom para o mercado. No entanto, citações de pessoas próximas a ele sobre um programa de gastos públicos altos “podem significar problemas em termos de dívida mais alta e impostos maiores”.
Em caso de eleição, o investidor prevê “maior burocracia e gastos do governo”. Segundo ele, inicialmente, isso poderia impulsionar a economia. No entanto, no longo prazo, Mobius entende que “não seria bom”.