- Bolsonaro causou aglomerações e não usou máscara em Alagoas;
- Na ocasião, presidente prometeu novo Bolsa Família;
- CPI da Covid foi alvo de críticas pelo parlamentar.
Nesta quinta, 13, o presidente Jair Bolsonaro esteve em Alagoas e classificou o andamento da CPI da Covid como “um crime”. Ele diz que há “vagabundo inquirindo pessoas de bem”. Este foi o mesmo adjetivo usado um dia antes por seu filho, o senador Flávio Bolsonaro, para criticar Renan Calheiros, o relator da comissão.
“Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no país. É um crime o que vem acontecendo com essa CPI. Mas o que interessa são as boas ações”, disse Bolsonaro.
Bolsonaro não chegou a falar o nome de Calheiros, porém, os apoiadores presentes gritavam “Renan Vagabundo”. Na sequência, mesmo sem citar o nome de Renan, o presidente afirmou que o “recado que tenho para esse indivíduo: se quer fazer um show, tentando me derrubar, não o fará. Somente Deus me tira daquela cadeira”, se referindo à cadeira presidencial.
Antes destas declarações em Alagoas, Renan Calheiros disse na abertura da sessão de ontem (13), que a resposta aos ataques do presidente era o aprofundamento da investigação feita pela CPI da Covid.
O relator disse ainda que a viagem de Bolsonaro para Alagoas era uma “evidente provocação a esta comissão parlamentar de inquérito”.
Renan disse que o presidente foi pra Alagoas inaugurar uma obra já inaugurada e para atacá-lo pessoalmente. A obra “inaugurada” por Bolsonaro foi um viaduto inaugurado em dezembro do ano passado pelo governador Renan Filho, filho de Calheiros.
Bolsa Família
Durante a cerimônia de inauguração de prédios populares, o presidente disse que irá realizar alterações no Bolsa Família. E afirmou que o “Novo Bolsa Família” está quase pronto e vai contar com um aplicativo que fará a avaliação de quem pode ou não ser beneficiado.
“A inclusão no Bolsa Família não será mais procurando prefeituras pelo Brasil, será feito através de um aplicativo. Vamos libertar as pessoas mais humildes do jugo de quem quer que seja”, declarou o presidente.
Esta ideia já era conhecida pelo líder do governo no Congresso. Ricardo Barros já pretendida substituir os novos pagamentos do auxílio emergencial pela ampliação do Bolsa Família.
Segundo uma pesquisa feita pelo portal El País, em março de 2021 a aprovação popular do governo Bolsonaro chegou a 35%. Uma das possíveis explicações para esse número foi a volta do auxílio emergencial.
Entende-se que a criação de programas populares e que visam os mais vulneráveis, estão diretamente ligadas a aprovação ou negativa dos brasileiros em relação à presidência.
Eleições 2022
As eleições presidenciais acontecem no fim de 2022, mas já existem especulações sobre os candidatos à principal cadeira do país. De acordo com uma pesquisa divulgada ontem (13) pelo Datafolha, nas votações de 2º turno o ex-presidente Lula venceria com 55% contra 32% de Bolsonaro.
Ainda sobre projetos de políticas públicas, Lula foi um dos idealizadores e fundadores do Bolsa Família em meados de 2003. O que conquistou uma grande leva de apoiadores principalmente nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, locais onde Bolsonaro recebeu o menor número de votos nas eleições de 2018.
Enquanto isso, as investigações feitas e retratadas na CPI da Covid podem diminuir o popularismo de Jair. Já que estão sendo encontradas negligências do atual presidente durante a pandemia.
Por exemplo, recusando mais de 11 vezes a proposta da farmacêutica Pfizer no oferecimento de doses de vacinas que seriam entregues ainda em 2020. O que poderia, segundo especialistas, ter evitado o aumento de casos e atual número de 431 mil mortos pelo vírus.
A pesquisa mencionada foi realizada entre os dias 11 e 12 de maio, de forma presencial, em 146 municípios e contou com 2.071 pessoas entrevistadas. Além de Lula e Bolsonaro, nomes como Luciano Huck, Sérgio Moro e João Doria foram pautados.
Aglomerações
Bolsonaro desembarcou no Aeroporto Zumbi dos Palmares em Alagoas com objetivo de inaugurar três obras. Ao chegar, um grupo de apoiadores se aproximou formando uma aglomeração e o presidente não usava máscara. O estado obriga a utilização da máscara em espaços públicos.
Outra infração cometida pelo presidente foi transitar com as portas do carro abertas, o que é proibido pelas leis de trânsito. A ação é considerada infração grave, prevista no artigo 235 do Código de Trânsito Brasileiro, e prevê multa com apreensão do automóvel.
Ao chegar, o presidente foi direto para o Residencial Oiticica I, localizado no bairro Benedito Bentes, obra que, de acordo com o governo, beneficiará 500 famílias. O investimento de R$ 40 milhões e é oriundo do Programa Casa Verde e Amarela.
Estavam com o presidente, o prefeito de Rio Largo, Gilberto Gonçalves (PP), e o prefeito de Maceió, JHC (PSB). Estavam presentes também o senador Fernando Collor (Pros), o ministro do Turismo Gilson Machado e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP).
Após a inauguração do residencial, Bolsonaro seguiu para a inauguração do viaduto da antiga PRF, entre a BR-316 e a BR-104, equipamento que teve um custo de R$ 77,4 milhões e que opera desde o fim do ano passado.
Já em São José da Tapera, no interior, Bolsonaro inaugurou o trecho IV do Canal do Sertão, que vai possibilitar atingir 125 km abastecidos com as águas do Rio São Francisco. Na chegada, ainda sem utilizar máscara de proteção, Bolsonaro falou com apoiadores, que se aglomeravam para ver a cerimônia.
Protesto contra o presidente
No início da manhã, um protesto contra Bolsonaro foi feito em frente ao viaduto que seria inaugurado.