SALESóPOLIS, SP — A corrida pelos medicamentos injetáveis para emagrecer, popularizados por nomes como Ozempic (semaglutida) e Mounjaro (tirzepatida), está prestes a ganhar um novo e robusto capítulo no Brasil.

Em uma decisão estratégica, a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) anunciou a aceleração na análise de nada menos que 20 novas canetas emagrecedoras.
O objetivo é claro: antecipar a chegada de novos produtos ao mercado e, consequentemente, reduzir os preços e aumentar a acessibilidade a esses tratamentos.
Com a iminente expiração da patente da semaglutida, o mercado brasileiro se prepara para uma revolução com a chegada de versões genéricas ou biossimilares.
O Fim da Dependência? ANVISA Prioriza Fabricação Nacional
A iniciativa da ANVISA não é aleatória. Ela atende a um pedido formal do Ministério da Saúde, que busca estimular a fabricação nacional desses medicamentos injetáveis, reduzindo a dependência tecnológica e fortalecendo a soberania do país no setor farmacêutico.
Para garantir esse incentivo, o edital da agência reguladora prioriza os pedidos de registro de empresas que possuam etapas de produção ou fabricação dos componentes realizadas em território brasileiro.
As novas canetas se baseiam principalmente em análogos de GLP-1, como a liraglutida e a semaglutida, que atuam no controle da glicose e na sensação de saciedade, fundamentais no processo de perda de peso.
Cronograma Detalhado: Quando as Novas Canetas Chegam ao Mercado?
A aprovação das 20 canetas será feita em etapas, seguindo um cronograma definido pela agência reguladora:
2025: A Primeira Onda de Aprovações
Ainda em 2025, a ANVISA deve se manifestar sobre as solicitações de registro de grandes laboratórios nacionais:
- EMS
- Megalabs
- Momenta
Essas três empresas lideram a primeira leva de produtos que podem chegar às prateleiras em breve.
2026 e 2027: A Expansão do Mercado
O processo continua nos anos seguintes:
- 2026: Análise de mais 14 canetas.
- 2027: Análise das 3 canetas restantes, completando o total de 20 pedidos acelerados.
Outras empresas, como Biomm, Cristália, Libbs, Aspen e Aché, também estão na lista de farmacêuticas beneficiadas por essa priorização, muitas delas com mais de um pedido em análise.
Patentes e a Chegada dos Genéricos de Semaglutida
Um fator crucial que impulsiona essa corrida é a questão das patentes. A patente da semaglutida (princípio ativo do Ozempic e Wegovy) está prevista para expirar em março de 2026.
Essa data é o marco que permitirá a entrada massiva de genéricos e biossimilares, intensificando a concorrência.
Enquanto isso, a tirzepatida (princípio ativo do Mounjaro, da Eli Lilly) tem sua patente válida por um período bem maior, expirando apenas em 2036.
Impacto no Preço e no SUS
A principal expectativa com a entrada de 20 novos competidores no mercado é uma redução significativa nos preços para o consumidor final, tornando o tratamento mais acessível.
Além do mercado privado, o governo também avalia a possibilidade de incorporar o tratamento pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Embora análises iniciais tenham esbarrado nos custos elevados, a nacionalização da produção, inclusive com parcerias como a da EMS com a Fiocruz para transferência de tecnologia, pode ser a chave para viabilizar essa distribuição na rede pública, facilitando o acesso para milhões de brasileiros que sofrem com a obesidade e o diabetes.

