SALESóPOLIS, SP — O Sistema Único de Saúde (SUS) anunciou, nesta quarta-feira (3), um plano inédito de apoio à saúde mental voltado a pessoas com dependência de apostas online — as chamadas “bets”.

(Foto: I.A/Sora)
A ação prevê teleatendimentos, autoexclusão de sites de apostas e integração entre saúde pública e fiscal, numa estratégia conjunta dos Ministério da Saúde e do Ministério da Fazenda.
🚨 Por que a iniciativa é urgente
Um estudo recente aponta que apostas online e jogos de azar causam prejuízos econômicos e sociais de cerca de R$ 38,8 bilhões por ano — considerando impactos como depressão, desemprego, adoecimento e até suicídios.
Além disso, o SUS registra forte aumento no número de atendimentos por transtornos associados ao jogo:
- 2023: 2.262 casos
- 2024: 3.490 casos
- Janeiro a junho/2025: 1.951 atendimentos apenas neste primeiro semestre
Segundo a pasta de Saúde, o perfil mais frequente entre afetados são homens de 18 a 35 anos, muitos em situação de vulnerabilidade social — desemprego, isolamento ou rede de apoio fragilizada.
O que será implementado
- Plataforma de autoexclusão centralizada: a partir de 10 de dezembro de 2025, apostadores poderão solicitar, voluntariamente, o bloqueio de todos os sites de apostas autorizados — e impedir novos cadastros com seu CPF, assim como o recebimento de publicidade de “bets”.
- Linha de Cuidado para Jogos de Apostas: um guia com orientações clínicas e de apoio — presencial e online — para quem enfrenta problemas com apostas compulsivas.
- Teleatendimento em saúde mental voltado a apostadores: a partir de fevereiro de 2026, com oferta inicial de 450 consultas online por mês, via rede pública do SUS, em parceria com o Hospital Sírio-Libanês. O volume poderá aumentar conforme a demanda.
- Ampliação da rede de atenção via unidades como UBS, CAPS, UPA, hospitais, e também pelo app/serviços digitais do SUS — facilitando acesso para quem vive longe dos grandes centros.
O que muda na vida de quem precisa de ajuda
Para pessoas com dependência em apostas, a novidade representa um avanço significativo:
- A autoexclusão oferece uma forma imediata de romper com o ciclo de apostas sem depender de intermediários.
- O teleatendimento reduz barreiras como deslocamento, vergonha, falta de especialistas — sobretudo em regiões com pouca oferta de saúde mental.
- A integração com rede presencial assegura apoio completo: acompanhamento psicológico, psiquiátrico, reabilitação e, quando necessário, encaminhamento para tratamentos mais intensivos.
- A oferta de material informativo, alerta sobre sinais de risco e orientações clínicas facilita a identificação precoce do problema e o acesso a tratamento.
Significado e desafios
Com essas medidas, o SUS passa a tratar a dependência em apostas não como um problema individual ou moral, mas como questão de saúde pública — reconhecendo a “ludopatia” como risco real e oferecendo estrutura pública de acolhimento.
Por outro lado, será um desafio acompanhar a demanda crescente e garantir que o atendimento seja acessível a todos que precisarem — especialmente considerando desigualdades regionais e de acesso à internet.
A eficácia vai depender também da divulgação das medidas e da capacidade de sensibilização da população sobre os riscos das apostas.

