Brasileiros cruzam fronteira em busca de remédios para emagrecer: entenda o fenômeno

Brasileiros têm viajado até o Paraguai para comprar remédios para emagrecer com preços menores e menos burocracia.

A busca cresce, principalmente, entre quem deseja perder peso rápido e encontra barreiras no Brasil. Isso porque medicamentos como tirzepatida, semaglutida e outras canetas hormonais exigem receita, custam caro e passam por rígido controle sanitário.

Muitos consumidores afirmam que os prazos de espera nas farmácias brasileiras aumentam. Por isso, a fronteira com Ciudad del Este virou um ponto estratégico.

Lá, lojas vendem versões que prometem o mesmo efeito, porém sem as mesmas garantias de procedência, o que levanta alerta entre autoridades brasileiras.

Uma imagem de parada na fronteira em busca de remédios para emagrecer
Brasileiros cruzam fronteira em busca de remédios para emagrecer ─ Imagem: Geração/FDR

O que motiva essa corrida atrás de remédios para emagrecer?

Os preços no Paraguai podem ficar até 40% mais baixos. Além disso, estabelecimentos da região frequentemente liberam a compra sem exigência de prescrição médica.

Dessa forma, consumidores enxergam a viagem como solução rápida, ainda que arriscada.

O alto interesse também se explica pelo avanço das “canetas da moda”, que viralizaram nas redes sociais e estimularam o desejo por resultados imediatos.

Quais são os riscos e por que autoridades intensificam apreensões?

O grande problema surge quando esses medicamentos atravessam a fronteira sem controle adequado.

A Receita Federal e a Polícia Federal reforçam operações, já que parte dessas cargas entra sem refrigeração, sem nota fiscal e sem comprovação de autenticidade.

Em junho de 2025, por exemplo, agentes apreenderam cerca de 400 canetas hormonais. A carga é avaliada em R$ 748 mil, e estava dentro de um veículo que cruzava a Ponte da Amizade.

Em outra ação, em maio do mesmo ano, fiscais encontraram 126 canetas na mala de um passageiro em Foz do Iguaçu. Os itens vinham da Europa e chegavam ao Brasil via Paraguai.

Além disso, em agosto de 2025, a Receita interceptou 91 encomendas postais com tirzepatida no Porto de Vitória, somando aproximadamente R$ 277 mil.

Esses números ajudam a mostrar a força do mercado paralelo e a preocupação crescente com falsificações, armazenamento inadequado e uso desorientado.

Por que isso ameaça a saúde pública?

Sem controle de temperatura, esses medicamentos perdem eficácia e podem causar efeitos severos. Muitos produtos apreendidos sequer possuíam identificação clara, o que aumenta o risco de adulteração.

Além disso, o uso sem acompanhamento médico agrava efeitos colaterais como náusea intensa, hipoglicemia, pancreatite e alterações cardiovasculares.

O consumo desregulado também pode mascarar doenças que exigem tratamento profissional.

O que diz a Anvisa e como o cenário pode mudar?

A Anvisa reforça que qualquer medicamento à base de GLP-1, GIP ou agentes análogos precisa de prescrição e só pode ser vendido por farmácias autorizadas.

A agência também endureceu as regras em 2025, ampliando exigências de controle e rastreamento para reduzir o uso indiscriminado.

Ao mesmo tempo, o governo avalia novas medidas de fiscalização nas fronteiras. A tendência é que operações continuem, já que a demanda cresce.

Porém, especialistas alertam que o verdadeiro avanço virá com acesso mais equilibrado, preços revisados e informação de qualidade para o público.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.