MEIs podem ser desenquadrados mesmo abaixo do teto de R$ 81 mil? Entenda o que mudou

A possibilidade de desenquadramento do MEI mesmo com faturamento abaixo de R$ 81 mil acendeu um alerta em milhões de empreendedores.

A Receita Federal atualizou suas interpretações sobre o limite do regime e ampliou o que é considerado como “receita” para fins de enquadramento.

Por isso, muitos microempreendedores podem perder o benefício mesmo mantendo o faturamento tradicional dentro do limite.

O que mudou para o MEI em 2025?

A Receita passou a avaliar não apenas o faturamento do CNPJ, mas também determinados rendimentos recebidos pelo titular no CPF.

Isso inclui valores oriundos de trabalhos como autônomo, comissões, atividades eventuais e outras fontes que se enquadrem como contribuição individual ao INSS.

Essa mudança surgiu após a Resolução CGSN 183/2025, que ampliou a análise do limite do MEI. Dessa forma, o órgão cruza dados do CNPJ com informações do CPF, o que gera mais rigor na fiscalização.

Além disso, a tendência é que os sistemas automatizados da Receita realizem verificações mais rápidas e precisas.

Assim, aumentam os casos de empreendedores que descobrem o desenquadramento somente ao tentar emitir guia de pagamento ou realizar cadastro no Simples Nacional.

MEI pode ser desenquadrado mesmo abaixo de R$ 81 mil?

Sim. Isso ocorre porque o limite de R$ 81 mil agora considera também receitas atribuídas ao titular, não apenas ao CNPJ.

Portanto, mesmo que o MEI declare faturamento anual de R$ 70 mil, por exemplo, rendimentos adicionais no CPF podem elevar o total para além do permitido.

Além dessa nova regra, ainda existem outros fatores que resultam no desenquadramento, como:

  • atuar em atividades não permitidas na lista oficial do MEI;
  • contratar mais de um funcionário;
  • emitir notas para atividades fora do escopo autorizado;
  • manter irregularidades recorrentes na declaração anual.

Esses pontos reforçam que o MEI precisa acompanhar sua rotina financeira de forma mais completa, incluindo ganhos pessoais que possam interferir no enquadramento.

Um MEI analisando documentos no sue escritório
MEIs podem ser desenquadrados mesmo abaixo do teto de R$ 81 mil ─ Imagem: Geração/FDR

Quais são os riscos para quem é desenquadrado?

O desenquadramento leva o trabalhador para categorias mais complexas, como microempresa (ME).

Desse modo, os impostos aumentam e surgem obrigações como contabilidade formal, envio mais frequente de declarações e maior fiscalização.

Além disso, o processo pode gerar cobranças retroativas, caso a Receita entenda que houve irregularidades ao longo do ano. Em alguns cenários, isso cria dívidas inesperadas e prejuízos ao empreendedor.

Como evitar problemas com a Receita?

Para se manter no regime, vale acompanhar todas as receitas, inclusive aquelas geradas no CPF.

Além disso, compensa validar se a atividade está autorizada, conferir a emissão correta das notas e manter a declaração anual sempre atualizada.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.