Correios vive crise e cerca de 10 mil demissões são esperadas — Entenda o que está em jogo

SãO PAULO (SP) — A crise financeira dos Correios atingiu um ponto crítico e deve resultar em um dos maiores cortes de pessoal da história da estatal. Segundo informações divulgadas pela CNN Brasil, a empresa avalia a demissão de até 10 mil funcionários como parte do novo plano de reestruturação — número que representa cerca de 8,6% do efetivo atual.

Correios vive crise e cerca de 10 mil demissões são esperadas — Entenda o que está em jogo. (Imagem: Jeane de Oliveira/FDR)

Os desligamentos devem ocorrer por meio de um novo Programa de Demissão Voluntária (PDV), que ainda está em avaliação e pode superar esse total dependendo das adesões.

A medida faz parte de um esforço emergencial para reduzir custos e tentar estabilizar a situação financeira da companhia. O corte de despesas é considerado essencial para que os Correios consigam avançar em negociações com bancos e com a própria União para a obtenção de um crédito de R$ 20 bilhões, operação que deverá contar com garantia do Tesouro Nacional.

📉 Crise financeira pressiona mudanças na estatal

O cenário dos Correios já vem se deteriorando há anos, mas agora atinge um patamar que acende alerta máximo no governo e em órgãos de fiscalização. Segundo editorial publicado por O Globo, a empresa enfrenta uma verdadeira emergência financeira, o que tem reacendido discussões internas sobre a possibilidade de uma privatização no médio prazo.

Embora o governo federal oficialmente não trate o tema como pauta imediata, analistas avaliam que o agravamento da crise pode forçar uma reabertura desse debate — especialmente se o plano de ajuste não for suficiente para recuperar o equilíbrio das contas.

📝 Plano apresentado ao TCU

Na última quarta-feira (14), a direção dos Correios apresentou ao Tribunal de Contas da União (TCU) o planejamento completo para ajustar as contas da companhia. 

As unidades técnicas do tribunal deverão acompanhar:

Ponto Descrição
Redução de despesas A execução das medidas propostas para diminuir gastos e equilibrar as contas públicas.
Adesão ao novo PDV O impacto esperado e o nível de participação dos servidores no novo Plano de Demissão Voluntária.
Operação de crédito A participação do governo na estrutura e execução da operação financeira planejada.
Bancos públicos A possibilidade de envolvimento de instituições financeiras públicas no financiamento do plano.

Esse acompanhamento será fundamental, já que a crise da estatal envolve não apenas questões operacionais, mas também riscos fiscais para o governo federal.

🔍 Por que os Correios chegaram a esse ponto?

Embora os detalhes do relatório não tenham sido divulgados integralmente, especialistas apontam alguns fatores recorrentes no diagnóstico da crise:

  • Queda no volume de correspondências físicas;

  • Aumento da concorrência no setor de logística privada;

  • Elevado custo de pessoal;

  • Estrutura operacional considerada defasada;

  • Baixa capacidade de investimento nos últimos anos.

A combinação desses fatores pressionou o caixa da empresa e dificultou sua adaptação ao mercado digital e às novas demandas do setor logístico.

👷‍♂️ O que acontece com os trabalhadores?

Com o novo PDV, os funcionários que aderirem ao programa poderão deixar a empresa voluntariamente com incentivos financeiros — ainda não detalhados publicamente. Contudo, sindicatos já demonstram preocupação, alegando que o corte em massa pode sobrecarregar setores essenciais e reduzir ainda mais a capacidade operacional da estatal.

O governo, por sua vez, ainda não confirmou oficialmente quantos postos serão eliminados, apenas reforçando que o ajuste é necessário para garantir a sobrevivência financeira dos Correios.

📦 O futuro da estatal está em jogo

A crise atual coloca a estatal em um momento decisivo. A necessidade de crédito bilionário, o plano de reestruturação e a possível abertura de discussões sobre privatização indicam que os próximos meses serão determinantes para o futuro dos Correios.

Para milhões de brasileiros — especialmente moradores de áreas remotas, onde a estatal é a única responsável pela entrega de correspondências e encomendas —, o desempenho e a estabilidade da empresa são essenciais.

O FDR continuará acompanhando as próximas etapas do plano de reestruturação e os impactos diretos sobre trabalhadores, consumidores e o orçamento público.

 

Daniele GomesDaniele Gomes
Formada em jornalismo, com experiência como repórter de economia e política, além de assessoria de imprensa e gestão de redes sociais.