AmazonFACE: experimento na Amazônia simula futuro com mais CO₂ e acende alerta climático

 

Hoje, vamos conhecer o AmazonFACE.

A Amazônia desempenha um papel central no equilíbrio climático do planeta. Ela absorve grandes quantidades de dióxido de carbono (CO₂), ajuda a regular a temperatura e influencia regimes de chuvas no Brasil e no mundo.

No entanto, cientistas buscam entender até quando essa capacidade será mantida diante do avanço do aquecimento global. Surge, então, o AmazonFACE, um dos maiores experimentos ambientais do mundo, instalado perto de Manaus.

O nome é uma sigla de Free-Air CO₂ Enrichment, ou enriquecimento de CO₂ ao ar livre.

O projeto simula como a floresta reagirá a um aumento significativo na concentração de CO₂. Algo, inclusive, previsto para ocorrer nas próximas décadas caso as emissões globais continuem crescendo.

O que é o AmazonFACE

O AmazonFACE é uma instalação científica composta por torres circulares de aproximadamente 35 metros de altura.

Elas ficam posicionadas em meio à floresta e liberam CO₂ de maneira controlada, sem isolamento físico ou câmaras fechadas. A ideia é que a floresta continue vivendo de forma natural, porém sob uma atmosfera semelhante à do futuro.

A concentração de dióxido de carbono dentro das áreas experimentais será aumentada em cerca de 200 partes por milhão (ppm). Esse é o cenário projetado para meados do século, caso o mundo não reduza as emissões.

O que os cientistas querem descobrir

A pesquisa busca responder a uma questão decisiva: a Amazônia continuará absorvendo carbono ou atingirá um ponto em que passará a liberar mais CO₂ do que retém?

Essa resposta é essencial porque a floresta funciona, hoje, como um grande reservatório natural de carbono. Se ela perder essa função, o aquecimento global tende a acelerar.

Entre os pontos observados pelos pesquisadores estão:

  • Fotossíntese: as árvores aproveitarão o excesso de CO₂ para crescer mais?
  • Nutrientes do solo: há fósforo e nitrogênio suficientes para sustentar esse crescimento?
  • Ciclo da água: a floresta consumirá mais ou menos água diante das mudanças?
  • Resiliência climática: períodos de seca ficarão mais intensos ou frequentes?

Essas respostas ajudarão a prever se a Amazônia está se aproximando do chamado ponto de não retorno. Ou seja, quando a floresta pode perder sua capacidade de se regenerar.

Estrutura do AmazonFACE na floreta amazônica
AmazonFACE: experimento na Amazônia ─ Imagem: Geração/FDR

Por que isso importa para o Brasil

A floresta amazônica influencia diretamente o clima e a economia do país. A umidade gerada por ela alimenta os chamados “rios voadores”, que ajudam a formar chuvas no Centro-Oeste, Sudeste e Sul.

Essas chuvas, inclusive, são essenciais para a agricultura, para as hidrelétricas e para o abastecimento das cidades.

Se a floresta perder sua capacidade climática, o Brasil poderá enfrentar:

  • Redução da produtividade agrícola
  • Quedas no nível de reservatórios hidrelétricos
  • Aumento de ondas de calor e incêndios
  • Mudanças no regime de chuvas

Qual é a relação do projeto com a COP30?

A divulgação do estudo ocorre em um momento estratégico. A COP30, que acontecerá em Belém, coloca o Brasil no centro das negociações climáticas globais.

Portanto, o AmazonFACE se torna uma ferramenta essencial para apresentar dados sólidos em um debate que costuma se basear em projeções e estimativas.

Além disso, o Brasil deseja se posicionar como liderança ambiental no cenário internacional. Para isso, precisa mostrar capacidade científica, monitoramento real da floresta e estratégias concretas de preservação.

O projeto reforça essa imagem, porque produz conhecimento diretamente no coração da Amazônia. E claro, envolvem instituições brasileiras como o Inpa (Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia).

A relevância política também é clara: compreender a resposta da floresta ao clima ajuda na formulação de políticas públicas, uso da terra, planejamento urbano e estratégias de conservação para os próximos anos.

Quem financia e participa do AmazonFACE?

O AmazonFACE reúne cientistas do Brasil, dos Estados Unidos, do Reino Unido, da Alemanha e da Austrália.

Esse esforço internacional mostra que o futuro climático da Amazônia é um tema de interesse global.

As torres, sensores e equipamentos representam investimento de longo prazo, que começou em 2015. Mas o projeto exige manutenção contínua, observação constante e coleta de dados precisos por décadas.

Isso porque os efeitos das mudanças climáticas não acontecem de forma imediata; eles se acumulam ao longo do tempo.

Portanto, o experimento se mantém como um compromisso com a ciência e com a responsabilidade ambiental.

Imagem da floresta amazônica
AmazonFACE: experimento na Amazônia ─ Imagem: Reprodução

Como os resultados podem influenciar o futuro?

Se os dados mostrarem que a floresta responde bem ao aumento de CO₂ e continua crescendo, teremos mais tempo para agir e reduzir emissões.

Por outro lado, se o experimento indicar queda de resiliência e perda de capacidade de regeneração, a urgência aumenta.

Em qualquer cenário, o AmazonFACE fornece informação concreta. A partir delas é possível que tomadores de decisão definam caminhos mais seguros para o Brasil e para o planeta.

Em resumo, o experimento revela que o futuro climático não é abstrato. Ele está sendo testado agora, na floresta, diante dos nossos olhos.

O AmazonFACE não é uma simulação distante, mas um alerta sobre o presente. O experimento mostra que entender a Amazônia hoje significa definir o clima de amanhã.

Se os resultados indicarem perda de capacidade de absorção de carbono, governos e sociedades terão ainda mais urgência. Com o foco em reduzir emissões, proteger a floresta e evitar cenários extremos.

Moysés BatistaMoysés Batista
Moysés é Bacharel em Letras pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (UNIRIO). Além de ter entregue mais de 10 mil artigos em SEO nos últimos anos, tem se especializado na produção de conteúdo sobre benefícios sociais, crédito e notícias nacionais.