Seis mil empregos poderão ser perdidos após confusão em acordo

SALESóPOLIS, SP — Um cenário preocupante começou a se desenhar no Distrito Federal: aproximadamente 6 mil cobradores de ônibus podem perder seus empregos caso não seja firmado um novo acordo coletivo de trabalho.

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Seis mil empregos poderão ser perdidos após confusão em acordo
(Foto: Montagem/FDR)

O risco da diminuição de emprego é justificada pela modernização do sistema de transporte público, com a eliminação do pagamento em dinheiro dentro dos veículos e a adoção de bilhetagem digital — mudanças que praticamente tornam a função tradicional do cobrador dispensável. 

Segundo a Comissão de Transporte e Mobilidade Urbana (CTMU) da Câmara Legislativa, o fim da vigência do acordo, previsto para 2026, coloca em xeque a continuidade dessas centenas de postos de trabalho no setor de transporte dos ônibus públicos do DF

O que está em jogo: modernização vs. impactos sociais

Tecnologia que elimina funções

Com a digitalização do sistema de bilhetagem, as empresas concessionárias poderão deixar de empregar cobradores, uma vez que a tarifa será debitada automaticamente a partir de cartões ou aplicativos — eliminando a necessidade de pagamento em dinheiro a bordo. 

A importância do acordo coletivo

O acordo coletivo vigente representa hoje a última barreira legal que impede demissões em massa. Sem ele, não há instrumento jurídico formal que proteja a continuidade da função dos cobradores no sistema. 

Propostas de requalificação

Para amenizar os impactos sociais, a CTMU apresentou uma indicação ao Executivo com sugestões concretas:

  • redistribuir cobradores para funções como atendimento especializado a idosos, pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida;
  • atuar na comercialização e distribuição de cartões de passagem, suprindo lacunas do sistema digital de transporte;
  • criar um marco normativo para redefinir legalmente as atribuições dessas pessoas. 

Por que a situação virou “confusão em acordo”

O uso da expressão “confusão em acordo” se justifica pela indefinição normativa e institucional sobre como lidar com a transição tecnológica.

Sem um novo acordo coletivo ou uma legislação que estabeleça claramente novas funções, o risco de demissões em massa se intensifica. A ausência de diálogo claro entre governo, empresas de transporte e sindicatos agrava ainda mais a instabilidade.

Além disso, a falta de plano de reestruturação contratual torna inviável a manutenção da categoria como estava, uma vez que juridicamente ela “deixou de existir” no formato tradicional.

Consequências esperadas

  • Aumento do desemprego — 6 mil empregos diretos em risco num único setor.
  • Pressão social e política — a crise pode gerar forte mobilização de sindicatos e debates públicos.
  • Desigualdade territorial — regiões mais vulneráveis podem sofrer mais com cortes de pessoal e piora do atendimento.
  • Diminuição da humanização no transporte — usuários que exigem atendimento personalizado (idosos, PCDs) podem ser prejudicados sem assistentes humanos a bordo.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com