SALESóPOLIS, SP — Recentemente, foi identificada a presença de um composto químico proibido em bebidas que muitos brasileiros consomem diariamente: sucos e vinhos. A seguir, explicamos o que está acontecendo, os riscos para a saúde e como você pode se proteger.

(Foto: I.A/Sora)
O que está ocorrendo
Pesquisadores da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) detectaram a presença de Nitrito de sódio (NaNO₂) — um aditivo permitido apenas para carnes processadas — em amostras de suco de laranja, água mineral e vinho.
Esse composto, embora comum na conservação de embutidos como presunto, bacon e salsicha, é proibido em bebidas porque pode reagir no organismo e gerar substâncias cancerígenas conhecidas como nitrosaminas.
Além disso, o uso desse aditivo em bebidas está ligado a fraudes alimentares: ele pode alterar a cor e aparência do produto, ajudando a mascarar oxidação ou envelhecimento de sucos industrializados e vinhos.
Por que isso é preocupante
- O nitrito de sódio, ao reagir, forma nitrosaminas — substâncias associadas ao desenvolvimento de câncer em órgãos como fígado, estômago e esôfago.
- A detecção foi feita usando um sensor inovador desenvolvido pela UFSCar — tecnologia que utiliza cortiça transformada em grafeno — o que indica que o problema talvez seja mais amplo do que se imaginava.
- Como se trata de bebidas — sucos e vinhos — o risco de exposição é maior para a população em geral, incluindo crianças e idosos, que podem consumir esses produtos com frequência.
O que as autoridades e indústrias devem fazer
- Reforçar a fiscalização de sucos e vinhos industrializados, com testes para compostos proibidos como o nitrito de sódio.
- Instruir produtores sobre os riscos de adulteração e sobre boas práticas de produção e rotulagem.
- Divulgar alertas para consumidores, para que fiquem atentos à procedência dos produtos e evitem marcas pouco confiáveis.
- Incentivar o uso de tecnologias de detecção rápida, como o sensor desenvolvido pela UFSCar, para monitoramento em larga escala.
Dicas para o consumidor se proteger
- Prefira sucos e vinhos de marcas conhecidas e confiáveis, que divulguem claramente origem, ingredientes e certificado de qualidade.
- Verifique rótulos: se houver qualquer aditivo suspeito ou sem explicação, descarte o produto.
- Em caso de vinhos, fique atento à aparência, aroma e sabor — mudanças estranhas podem indicar adulteração ou problemas na produção.
- Guarde o número do lote e a data de validade dos produtos, e se perceber qualquer indício de adulteração, reporte ao órgão competente (como a Agência Nacional de Vigilância Sanitária — ANVISA).
- Evite consumir produtos encontrados em condições duvidosas (por exemplo, embalagens danificadas, armazenamento inadequado, preços muito baixos).
Conclusão
A descoberta de nitrito de sódio em bebidas como sucos e vinhos acende um alerta importante: a adulteração alimentícia vai além dos casos clássicos de metanol e bebidas alcoólicas — agora atinge produtos aparentemente benignos.
É essencial que tanto autoridades quanto consumidores redobrem a atenção. No mercado brasileiro, onde a fiscalização ainda enfrenta desafios, o poder de escolha do cliente e a transparência dos fabricantes fazem toda a diferença.

