Lavagem de dinheiro é o conjunto de atos usados para ocultar a origem ilícita de recursos e torná-los aparentemente legais.
Além disso, enfraquece o combate ao crime organizado e desestabiliza a economia. A seguir, explicamos as principais etapas, exemplos práticos e as medidas legais no Brasil.
As três etapas da lavagem de dinheiro
A lavagem costuma ocorrer em três fases bem definidas.
- Primeiro, há a colocação; depois, a ocultação; por fim, a integração.
Colocação. Nesta fase o dinheiro “sujo” entra no sistema financeiro. Por exemplo, criminosos fracionam depósitos em diferentes agências para evitar alertas ou compram bens que aceitam pagamento em espécie.
Ocultação. Em seguida, as transações são emaranhadas para dificultar o rastreamento. Transferências entre contas no exterior, uso de empresas de fachada e operações comerciais falsas são táticas comuns.
Integração. Finalmente, os valores reaparecem como recursos lícitos: investimentos, compra de imóveis ou empresas e pagamento de despesas pessoais que já parecem provenientes de rendimentos legítimos.
Métodos e esquemas mais usados
Existem várias técnicas que facilitam o processo, entre elas:
- Depósitos fracionados para não acionar notificações bancárias.
- Empresas de fachada que simulam receitas.
- Offshores e contas em paraísos fiscais para transferir fundos rapidamente.
- Compra e revenda de ativos (carros, obras de arte, joias) para transformar numerário em bens.
Além disso, setores com grande uso de dinheiro em espécie (restaurantes, casas noturnas, comércio de luxo) podem ser usados como cobertura.
Combate legal no Brasil
A Lei nº 9.613/1998 tipifica o crime de ocultação ou dissimulação de bens, direitos e valores. Assim, quem participa pode responder por prisão e multa.
Ademais, instituições financeiras têm obrigação de reportar operações suspeitas ao órgão competente. Hoje, é integrado ao Sistema de Inteligência Financeira (ex-COAF).
Casos recentes de lavagem de dinheiro no Brasil
O Brasil tem vivido uma onda de operações que expõem novas formas de lavagem de dinheiro.
Em outubro de 2025, a Operação Narco Bet revelou o uso de apostas eletrônicas e criptomoedas para ocultar recursos vindos do tráfico internacional de drogas.
A ação da Polícia Federal resultou em 11 prisões, 19 mandados de busca e apreensão e no bloqueio de mais de R$ 630 milhões em bens.
O esquema usava empresas de fachada e plataformas de “bets” para movimentar valores ilícitos de forma aparentemente legal.
Outro caso marcante foi a operação conjunta da Polícia Federal e Receita Federal, em agosto de 2025, que investigou fraudes no setor de combustíveis.
A investigação apontou transações suspeitas superiores a R$ 46 bilhões. Neste caso, envolvendo companhias criadas apenas para mascarar o destino real do dinheiro. Assim, mais de 350 mandados foram cumpridos em vários estados.
No mesmo período, a Operação Lusocoin desarticulou uma rede que lavava cerca de US$ 540 milhões usando criptoativos e corretores falsos.
As investigações identificaram conexões com empresas sediadas em Dubai e em capitais brasileiras.
Esses casos ilustram como o crime financeiro tem se modernizado, explorando brechas digitais e novos meios de pagamento.
Por isso, o combate à lavagem de dinheiro no país exige cooperação internacional. E claro, rastreabilidade tecnológica e fiscalização contínua de setores como apostas, criptoativos e comércio exterior.
Afinal, hoje estão entre os mais vulneráveis a esquemas de ocultação de valores.
Por que importa conhecer o problema
A lavagem alimenta corrupção, tráfico e outros crimes, e distorce indicadores econômicos.
Consequentemente, empresas e cidadãos perdem confiança no sistema financeiro. Portanto, entender os sinais de operações atípicas ajuda a reduzir riscos institucionais e sociais.
Lavagem de dinheiro não é apenas um crime financeiro: é um mecanismo que sustenta redes criminosas e corrói instituições.
Porém, com leis mais rígidas, controles bancários e cooperação internacional, é possível reduzir sua incidência e proteger a economia.