O Brasil amanheceu, nesta terça-feira (14), com relatos de apagão em diferentes regiões do país. Episódios como este, no entanto, trazem um questionamento sobre a possibilidade da volta do horário de verão e sua real eficácia.

Segundo dados preliminares das distribuidoras:
- A falha ocorreu no Sistema Interligado Nacional (SIN), responsável por conectar todas as redes estaduais de energia.
- Estados como São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Amazonas e Santa Catarina ficaram sem luz por alguns minutos, em horários variados.
Em algumas áreas, como a Grande São Paulo e o Rio de Janeiro, por exemplo, o fornecimento voltou em menos de uma hora.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) confirmou que a queda não ocorreu por sobrecarga. Seria, entretanto, uma falha de sincronização dentro da malha de transmissão.
Ainda assim, o episódio trouxe à tona uma questão que vinha sendo discutida em silêncio nos bastidores: o risco de instabilidade em momentos de alta demanda, especialmente no fim do ano.
Plano da ONS prevê reforço na operação de fim de ano
O apagão ocorre justamente no momento em que o ONS finaliza o Plano de Operação Energética 2025-2029. Ele prevê um conjunto de ações para lidar com o aumento do consumo no verão. Entre as medidas, estão:
- Uso ampliado de usinas térmicas em horários de pico;
- Contratação de potência adicional, como reserva estratégica;
- Gestão de demanda, incentivando consumidores a reduzir o uso em determinados horários;
- E a possível volta do horário de verão, medida que ganhou força após o incidente desta semana.
A proposta é que, ao adiantar os relógios em uma hora, o consumo residencial seja parcialmente deslocado para períodos com maior luminosidade natural.
Em teoria, isso reduz a sobreposição entre iluminação doméstica e pico industrial.
Horário de verão volta ao centro da discussão
O horário de verão foi suspenso em 2019, após estudos indicarem que seu impacto na economia de energia havia diminuído.
Agora, porém, o cenário mudou: com a expansão da energia solar distribuída, o pico de consumo passou a ocorrer justamente após o pôr do sol. É o momento em que a geração solar cai e o sistema precisa de apoio de fontes térmicas.
Segundo estimativas preliminares do ONS, a medida poderia aliviar até 2 GW de carga — energia suficiente para abastecer uma cidade do porte de Belo Horizonte.
Especialistas, no entanto, ressaltam que o horário de verão não resolveria falhas estruturais. Contudo, poderia evitar apagões provocados por sobrecarga em horários críticos.
Desafio do equilíbrio entre oferta e demanda
O apagão nacional de outubro evidencia um alerta: o sistema elétrico brasileiro continua vulnerável, mesmo fora dos horários de pico.
Espera-se um aumento do consumo previsto para o fim do ano e a redução das chuvas nas regiões de geração hídrica. Neste cenário, o país deve depender mais das fontes térmicas para garantir o fornecimento estável.
Se confirmada, a volta do horário de verão em 2025 não seria apenas uma mudança de relógio. Assim, viria como uma estratégia técnica para garantir estabilidade e prevenir um novo colapso.
O episódio de agora, portanto, pode acelerar decisões políticas e técnicas que vinham sendo tratadas com cautela.