A bicicleta provou mais uma vez que é o meio de transporte urbano mais eficiente.
Isso se confirma após o Desafio Intermodal Intermunicipal, promovido pelo Instituto Federal Catarinense (IFC) – Campus Camboriú.
Durante o evento, o veículo de duas rodas superou carros, motos e ônibus nos seguintes parâmetros: tempo, custo e impacto ambiental.
O evento, ocorreu em 23 de setembro, e reuniu oito modalidades de transporte para percorrer o trajeto entre o Teatro Municipal Bruno Nitz, em Balneário Camboriú, e o campus do IFC em Camboriú, no auge do horário de pico.
O que é o Desafio Intermodal?
O Desafio Intermodal é uma iniciativa que acontece em várias cidades do país, especialmente durante a Semana da Mobilidade Urbana.
A proposta é simples: diferentes voluntários percorrem o mesmo trajeto, no mesmo horário, usando meios de transporte distintos.
O objetivo é avaliar qual deles é mais eficiente considerando tempo de deslocamento, custo, emissões de poluentes, consumo de energia e ruído.
Inclusive, o IFC promove o evento anualmente como parte de suas ações de extensão e pesquisa sobre mobilidade urbana sustentável.
Resultados mais recentes: bicicleta em primeiro lugar
Na edição de 2025, o Desafio Intermodal Intermunicipal comparou oito modalidades:
- bicicleta tradicional;
- bicicleta elétrica;
- motocicleta;
- carro particular;
- carro de aplicativo;
- carro elétrico;
- ônibus;
- caminhada.
Os resultados, contudo, chamaram atenção:
- 🚲 Bicicleta tradicional: 15 minutos
- ⚡ Bicicleta elétrica: 19 minutos
- 🚶♀️ Caminhada: cerca de 60 minutos
- 🚗 Carro elétrico: ficou na quarta colocação geral
- 🚌 Carro de aplicativo: foi o pior desempenho
Mesmo com velocidades menores, as bicicletas dominaram em todos os critérios. Desse modo, ficaram à frente dos veículos motorizados tanto no tempo total quanto na eficiência energética e ambiental.
Além disso, o modo a pé surpreendeu e conquistou o terceiro lugar geral, devido ao custo praticamente nulo e à ausência de emissões.
O que significa “eficiência” no transporte urbano?
O termo “eficiência” aqui não se resume à velocidade. Afinal, o IFC considera cinco fatores para calcular o índice global de eficiência:
- Tempo de deslocamento
- Custo financeiro da viagem
- Emissão de gases (CO₂ e CO)
- Ruído sonoro
- Consumo energético
Cada categoria recebe uma pontuação e, ao final, o resultado médio define o ranking geral.
Essa metodologia, aliás, foi aplicada desde a primeira edição do Desafio, em 2023, e permanece como base de comparação entre as edições seguintes.
Dados históricos: a consistência da bicicleta
Um relatório acadêmico publicado pelo próprio IFC, intitulado “I Desafio Intermodal IFC: uma estratégia de análise de mobilidade urbana”, mostra que a bicicleta já se destacava desde a primeira edição.
Na época, inclusive, o trajeto de aproximadamente 6 quilômetros foi percorrido por seis tipos de transporte. Veja alguns números que reforçam o desempenho da bicicleta:
Modalidade | Tempo total | Velocidade média | Índice de eficiência (tempo) |
---|---|---|---|
Moto | 17 min | 23,4 km/h | 92,6% |
Bicicleta | 20 min | 14,9 km/h | 90,9% |
Carro particular | 40 min | 9,6 km/h | 82,3% |
Ônibus | 49 min | 9,1 km/h | 78,6% |
A pé | 60 min | 4,9 km/h | 73,7% |
Embora a motocicleta tenha ficado ligeiramente à frente em tempo, a bicicleta obteve desempenho superior. Isso porque se considera os demais fatores, como custo e impacto ambiental.
O estudo concluiu que, no contexto urbano brasileiro, a bicicleta é o modal mais equilibrado entre rapidez, economia e sustentabilidade.
Impactos e reflexões sobre o uso da bicicleta
Os resultados reforçam uma tendência global: a mobilidade ativa está ganhando espaço nas políticas urbanas.
Além de aliviar o trânsito, o uso da bicicleta reduz emissões de carbono e melhora a saúde dos usuários.
Segundo dados da ONU-Habitat, se 10% das viagens urbanas fossem feitas por bicicleta, haveria redução de até 7% nas emissões de CO₂ nas cidades de médio porte.
Para municípios como Balneário Camboriú, isso significa um impacto direto na qualidade do ar e na redução de ruídos no trânsito.
Além disso, a bicicleta elétrica amplia o acesso de pessoas que enfrentam distâncias maiores ou terrenos íngremes, sem perder a característica ecológica.
Caminho para políticas públicas
Os organizadores do IFC destacam que o desafio não busca apenas medir desempenho, mas inspirar melhorias urbanas.
Ciclovias conectadas, bicicletários e incentivos fiscais para bicicletas elétricas são caminhos apontados pelos estudos.
As edições do desafio também mostram a importância de avaliar o transporte coletivo: o ônibus, embora lento, torna-se mais eficiente quando usado em massa ou em versões elétricas.
Em cenários simulados, um ônibus elétrico cheio superaria o carro elétrico em eficiência global.
O Desafio Intermodal do IFC Camboriú reafirma o papel da bicicleta como o transporte urbano do futuro.
Ela combina agilidade, baixo custo e sustentabilidade, superando assim, carros, ônibus e até tecnologias elétricas emergentes.
Por fim, mais do que uma competição, o projeto serve como um retrato da mobilidade nas cidades brasileiras. E vai além, sendo um lembrete de que a eficiência urbana pode caber em duas rodas.