A Polícia Federal descobriu um esquema que abalou o país. Uma família da Paraíba chefiava uma rede que fraudava concursos públicos há mais de dez anos, cobrando valores que chegavam a meio milhão de reais por vaga.
Segundo os investigadores, o grupo atuava em diversos certames, incluindo provas da Polícia Federal, Caixa Econômica, Banco do Brasil e, mais recentemente, o Concurso Nacional Unificado (CNU).
Wanderlan Limeira: o líder por trás das fraudes
O ex-policial militar Wanderlan Limeira de Sousa, natural de Patos (PB), liderava toda a operação. Expulso da corporação em 2021, ele organizou a estrutura criminosa, negociou com candidatos e controlou o repasse dos gabaritos.
Para provar que o esquema realmente funcionava, ele próprio participou do CNU e conquistou aprovação para o cargo de auditor fiscal do trabalho, que oferece salário de R$ 22,9 mil.
Contudo, Wanderlan não agia sozinho. Seu filho, Wanderson Gabriel, coordenava a parte técnica das fraudes, enquanto o irmão Valmir Limeira recrutava os “clientes” e administrava a logística. Outro irmão, Antônio Limeira, bancava as operações da filha, Larissa, que também passou no CNU.
Como o grupo burlava os concursos
De acordo com a PF, o grupo operava com extrema sofisticação. Ele implantava pontos eletrônicos em candidatos por meio de procedimentos médicos e usava mensagens codificadas para transmitir respostas durante as provas.
Além disso, os investigadores constataram coincidências incomuns. Wanderlan e outros integrantes entregaram gabaritos idênticos, com os mesmos erros, uma probabilidade semelhante a vencer a Mega-Sena 18 vezes seguidas.
A fraude não se limitava às provas. A PF também detectou movimentações financeiras suspeitas. A cunhada do líder, Geórgia de Oliveira Neves, depositou mais de R$ 419 mil em espécie, embora não trabalhe formalmente desde 1998.
O grupo ainda contava com comparsas externos. Thyago José Andrade, conhecido como “Negão”, administrava os pagamentos e financiava parte das operações, enquanto sua companheira, Laís Giselly Nunes, participava de ao menos 14 concursos fraudulentos, inclusive o do TCE-PE.
O que dizem os investigados e o governo
As defesas negam o envolvimento e afirmam que ainda não tiveram acesso completo ao processo, que corre sob segredo de justiça.
Já o Ministério da Gestão e Inovação reforça que apoia as investigações e pretende aplicar punições caso as irregularidades se confirmem.
Enquanto isso, a PF mantém a investigação em andamento. Até agora, agentes prenderam três suspeitos, foram dois em Recife e um em Patos. Além disso, o órgão segue rastreando outros beneficiários da organização criminosa.