Nesta quinta-feira (25), a Ambipar obteve uma medida cautelar na 3ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro. Ela suspende, por 30 dias, pagamentos de dívidas, execuções de cobrança e arresto de bens.
Além disso, a decisão impede a aplicação de cláusulas de vencimento antecipado em caso de inadimplência.
Quatro administradores judiciais estão acompanhando o processo. A medida, contudo, funciona como uma espécie de pré-recuperação judicial.
Segundo especialistas, aliás, é questão de tempo até que o grupo formalize o pedido de proteção integral contra credores.
Dívidas e risco de insolvência da Ambipar
O alívio temporário era urgente. A empresa tinha uma dívida de US$ 119 milhões com o Santander. O vencimento seria hoje, 25 de setembro, mas foi automaticamente suspensa pela decisão.
Com um passivo total em cerca de R$ 11 bilhões, a Ambipar começou a receber pressão pelo grande número de aquisições realizadas entre 2020 e 2022. Este período que foi, incclusive, marcado pela alta dos juros.
Um contrato com o Deutsche Bank retirou mais de R$ 200 milhões do caixa nesta semana, aumentando a gravidade da situação.
De acordo com pessoas próximas à empresa, o rombo pode chegar a R$ 20 bilhões.
O risco maior estava nas cláusulas de vencimento cruzado: se uma dívida não fosse paga, outras poderiam ser automaticamente antecipadas. Isso acabava levando a uma insolvência imediata.
Como fica o impacto da decisão judicial?
No despacho, o juiz Leonardo de Castro Gomes destacou que o Deutsche Bank exige um pagamento de R$ 60 milhões em garantias.
Caso não seja cumprido, todas as dívidas vinculadas ao contrato, que somam US$ 550 milhões, poderiam vencer de forma antecipada, provocando assim, um rombo extra de até R$ 10 bilhões.
A notícia da crise acelerou a pressão dos credores. Diversos bancos e investidores solicitaram posicionamento imediato à gestão, o que reforçou a necessidade do pedido cautelar.
Qual é o perfil da empresa?
A Ambipar registrou receita líquida de R$ 5,7 bilhões em 2024 e atua em 40 países, com 24 mil funcionários.
Especializada em gestão ambiental, a companhia oferece serviços que vão de resíduos e manufatura reversa ao atendimento de grandes tragédias e crises ambientais.
Representada pelos escritórios Salomão Advogados e Galdino Advogados, a empresa agora busca reorganizar sua estrutura financeira. Até porque, o principal objetivo é evitar a recuperação judicial definitiva.