A língua portuguesa ganhou recentemente um novo termo oficial. Em fevereiro de 2025, a Academia Brasileira de Letras (ABL) incluiu a palavra nomofobia no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (VOLP).
O termo, aliás, já circulava em estudos e reportagens há mais de uma década. Agora faz parte do nosso dicionário e reflete um fenômeno típico da vida moderna: o medo de ficar sem celular.
O que significa nomofobia?
A palavra é uma junção de “no mobile” (sem celular) e “phobia” (medo).
Dessa forma, descreve a ansiedade intensa ou desconforto causado pela ideia de ficar sem acesso ao aparelho. Seja por falta de bateria, sinal de internet ou esquecimento em casa, por exemplo.
Na prática, a nomofobia pode se manifestar em situações comuns, como:
- angústia ao perceber que o celular ficou sem carga;
- checar notificações compulsivamente;
- dificuldade de concentração em momentos sem conexão;
- sensação de isolamento quando o aparelho não está por perto.
De acordo com especialistas, inclusive, essa dependência não se resume apenas ao uso recreativo. Muitas pessoas associam o celular a trabalho, estudo e até segurança pessoal, o que aumenta a dificuldade de se desconectar.
Nomofobia: um transtorno moderno
Até o momento, a nomofobia ainda não é reconhecida oficialmente como doença no manual internacional de transtornos mentais (DSM-5).
Por outro lado, estudos classificam o quadro como um tipo de fobia específica ou transtorno comportamental.
Pesquisas apontam que cerca de 70% dos universitários brasileiros apresentam nomofobia em grau moderado ou grave, sendo 21% em nível severo. Os sintomas podem incluir:
- aumento dos batimentos cardíacos;
- irritabilidade;
- sudorese;
- crises de pânico em casos extremos.
Esse cenário reforça o impacto da tecnologia no bem-estar emocional. Para psicólogos, a nomofobia é um reflexo do mundo hiperconectado.
Afinal, vivemos em um momento em que a fronteira entre vida pessoal e digital se tornou cada vez mais tênue.
Como lidar com o problema
A recomendação dos especialistas não é abandonar o celular, mas desenvolver hábitos de uso consciente. Algumas medidas práticas incluem:
- estabelecer horários para checar mensagens e redes sociais;
- evitar o uso do celular na hora de dormir;
- praticar atividades offline, como leitura ou exercícios físicos;
- criar momentos de “detox digital” no fim de semana.
Programas de saúde mental e grupos de apoio, por exemplo, também têm surgido para auxiliar quem enfrenta dificuldade em se desligar. Em casos mais graves, a psicoterapia pode ajudar a controlar a ansiedade associada ao uso do celular.
O que significa essa inclusão no dicionário
O reconhecimento da palavra “nomofobia” pela ABL, de fato, mostra como a língua acompanha as mudanças sociais e tecnológicas.
Termos que antes eram usados apenas em estudos acadêmicos ou reportagens agora ganham status oficial. Assim, refletem preocupações reais da sociedade contemporânea.