Em duas décadas, Made in China deixou de ser sinônimo de OEM barato. Hoje, no entanto, o rótulo indica alta tecnologia produzida com escala industrial e velocidade.
No automobilismo, a China saltou de montadora a maior exportadora de carros desde 2023. Manteve a liderança em 2024, puxada por elétricos e híbridos.
Qualidade comprovada, não só preço
A virada não é só volume; é padrão técnico. Modelos chineses têm cravado 5 estrelas no Euro NCAP, reforçando segurança e engenharia.
Esse avanço inclui software embarcado, ADAS e integração eletrônica.
O efeito: percepção de marca confiável, além de competitiva.
Made in China nas “tecnologias de transição”
A vantagem é sistêmica em cadeias estratégicas:
- Solar: mais de 80% da capacidade global do polissilício ao módulo.
- Baterias: CATL lidera com ~38% do mercado; BYD cresce rápido.
- EVs: custo por kWh em queda acelera adesão e reduz preço final.
Resultado: preços globais caem, oferta cresce e a China dita o ritmo da curva de aprendizado.
Da montagem à invenção — mesmo sob sanções
O selo migrou de “montado” para “concebido na China”. Mesmo com controles de exportação, a Huawei lançou smartphone com chip de 7 nm feito localmente, sinalizando autonomia tecnológica.
Política industrial como espinha dorsal
Nada foi espontâneo: programas como Made in China 2025 alinharam metas de subir a cadeia de valor. Afinal, houve P&D pesado, manufatura avançada e padronização para reduzir dependências críticas.
Geopolítica redefiniu o “Made in China”
O rótulo, entretanto, carrega hoje implicações de segurança econômica:
- Tarifas: os EUA elevaram a taxação sobre EVs chineses para >100%; a UE adotou sobretaxas.
- China+1: realocação seletiva, CKD, híbridos e offshoring para mitigar barreiras.
- Negociações europeias: mínimo de preço e política industrial “verde” mudam as regras do jogo.
Como que paralelamente a China lida com a Geração Tang Ping?
O que vem a seguir para a China?
- Commoditização: excesso de capacidade em PV pressiona margens; eficiência de capital será diferencial.
- Bateria como sistema nervoso: integração vertical, do minério ao pack, define preço e resiliência.
- Corrida de tecnologia: avanço sem EUV mostra caminho; nós mais finos e design de sistemas (packs, inversores, drivetrains) guiarão o próximo salto.
Em suma, hoje, Made in China representa tecnologia + escala + velocidade — com qualidade atestada e geopolitização crescente. Assim, fica claro que o jogo não é só onde se faz, mas quem dita custo, padrão e ritmo das próximas ondas industriais.