Nos últimos anos, as redes sociais passaram por uma transformação radical.
Enquanto antes as plataformas eram um espaço para compartilhar momentos do dia a dia, hoje elas se tornaram lugares dominados por anúncios, influenciadores e conteúdos “aspiracionais”.
Como resultado, muitas pessoas começaram a se afastar do compartilhamento constante de suas vidas. Mas o que está por trás dessa mudança?
O declínio das postagens pessoais
De acordo com o jornalista Kyle Chayka, autor do livro Mundo filtrado: como os algoritmos nivelaram a cultura, a tendência de diminuir as postagens nas redes sociais tem ganhado força, especialmente entre a Geração Z.
Uma pesquisa recente, aliás, aponta que cerca de um terço dos usuários estão postando menos do que no ano passado.
Essa mudança reflete a evolução das próprias plataformas, que agora priorizam o conteúdo gerado por algoritmos. Assim, muitas vezes dão vitrines àsmarcas ou influenciadores, em detrimento de interações pessoais autênticas.
O impacto dos algoritmos nas redes sociais
Chayka sugere que, à medida que as plataformas como o Instagram e TikTok se tornaram mais centradas em vídeos e conteúdo de marcas, a natureza das redes sociais se alterou.
Em vez de serem um reflexo das interações sociais diárias, elas passaram a ser mais uma plataforma de consumo de “conteúdo” impessoal.
Nesse novo cenário, as postagens pessoais deixaram de ter o mesmo valor, e a ideia de “postagens zero” pode ser o futuro. Afinal, por que compartilhar algo pessoal se ninguém mais parece interessado ou engajado?
Privacidade e a busca por intimidade
Outro fator importante para a diminuição das postagens é a mudança na percepção da privacidade.
Com o aumento de casos de vergonha pública e exposição negativa nas redes, muitas pessoas passaram a repensar a necessidade de compartilhar seus momentos pessoais.
A privacidade agora parece ser mais valorizada, e as interações passaram a se mover para ambientes mais privados, como mensagens diretas e bate-papos em grupos.
As redes sociais públicas, portanto, começam a perder terreno para espaços mais íntimos e controlados.
A transição para o consumo passivo
Com essa mudança, as redes sociais podem estar se aproximando de um modelo mais parecido com a televisão. Ou seja, um espaço dominado por conteúdo passivo, onde o consumo é mais importante do que a interação social.
A tendência, entretanto, é que as plataformas se tornem lugares para assistir, em vez de criar. Então, devemos ver mais usuários engajados com publicações de marcas e vídeos curados por algoritmos.
Em breve, a ideia de “postagens zero” pode se tornar a norma, onde as pessoas se concentram mais em consumir conteúdo do que em criar o seu próprio.
O que vem por aí?
Se o futuro das redes sociais é realmente o de uma “postagem zero”, podemos esperar uma maior ênfase em interações privadas e mais pessoais.
Talvez surjam novas plataformas que atendam a essa necessidade de comunicação mais íntima.
No entanto, mesmo que as redes sociais percam parte do seu caráter público, a conectividade digital e a interação online não desaparecerão. Elas simplesmente tomarão formas mais privadas e segmentadas.