SALESóPOLIS, SP — O Bolsa Família tem gerado debates sobre seus efeitos no mercado de trabalho. Especialistas apontam que o modelo atual do programa pode dificultar o acesso dos beneficiários ao trabalho formal, preocupando cada vez mais os economistas.

(Foto: I.A/FDR)
Embora o Bolsa Família seja crucial na redução das desigualdades sociais, ele tem apresentado efeitos colaterais que podem comprometer a plena inserção dos brasileiros no mercado de trabalho.
Economistas argumentam que os benefícios temporários, com critérios rígidos, podem desencorajar muitos a buscarem empregos formais, criando um ciclo de dependência e prejudicando a independência financeira de diversas famílias.
O impacto do Bolsa Família na geração de emprego
Em entrevista à CNN Brasil, Laura Müller Machado, professora e coordenadora dos cursos de pós-graduação em Gestão Pública do Insper, ressalta que o desenho atual do Bolsa Família não está alinhado com as demandas do mercado de trabalho.
Muitos beneficiários enfrentam dificuldades para se manter empregados formalmente devido às exigências do programa, que exigem comprovação constante da vulnerabilidade social, sem considerar as dificuldades de quem tenta equilibrar um emprego com o suporte financeiro.
Esse dilema coloca o beneficiário em uma difícil decisão: continuar recebendo um auxílio temporário ou arriscar buscar empregos sem a garantia de segurança financeira.
Como consequência, o Brasil enfrenta uma alta taxa de trabalhadores informais, o que impacta diretamente na criação de empregos formais e na qualidade de vida dos trabalhadores.
De acordo com dados recentes da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), mais de 38 milhões de brasileiros estão em situação de informalidade, representando cerca de 40% da força de trabalho do país.
Esse dado reflete um dos maiores desafios da economia brasileira: a criação de empregos formais, com direitos trabalhistas garantidos, como aposentadoria e licença-maternidade.
A necessidade de reformulação no programa
Diante desse cenário, muitos especialistas defendem uma reformulação no Bolsa Família para torná-lo mais eficaz na inserção do trabalhador no mercado formal.
A proposta é adaptar o programa, oferecendo apoio gradualmente, incentivando a busca por empregos formais e proporcionando programas de capacitação profissional.
Além disso, seria fundamental repensar os critérios de acompanhamento, levando em consideração a realidade de quem está tentando entrar no mercado de trabalho.
“Ele precisa ser aperfeiçoado no sentido de ser mais amigável ao mercado de trabalho. Isso é bom para as famílias vulneráveis, isso é bom para os empresários, isso é bom para o país, isso gera mais renda, isso gera mais autonomia, gera inclusão social”, defendeu Laura.
Quem recebe Bolsa Família não pode trabalhar com carteira assinada?
Pode! Receber Bolsa Família não impede de trabalhar com carteira assinada, porém existem algumas contrapartidas:
- Caso o salário aumente a renda da família para até meio salário mínimo por pessoa o valor do benefício é cortado em 50%;
- O pagamento de metade do auxílio original é mantido por mais dois anos e depois é cessado;
- Se com o salário o rendimento da família for superior a meio salário mínimo por pessoa o benefício é cortado totalmente.