Afinal, beber uma taça de vinho por dia é seguro? O que dizem as pesquisas científicas

Beber uma taça de vinho diariamente é um hábito bastante difundido e muitas vezes associado a benefícios para a saúde, especialmente para o coração.

Afinal, beber uma taça de vinho por dia é seguro? O que dizem as pesquisas científicas
Foto: Freepik

Mas será que essa prática é realmente segura? Para responder a essa pergunta, é importante analisar o que a ciência diz, com base em estudos sérios e recomendações de entidades de saúde reconhecidas mundialmente.

Os possíveis benefícios do vinho tinto

O vinho tinto é rico em compostos fenólicos, como o resveratrol, que possuem propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias.

Pesquisas sugerem que esses compostos podem ajudar a aumentar o colesterol HDL (o “bom” colesterol), melhorar a função dos vasos sanguíneos e reduzir a formação de coágulos, contribuindo para a saúde cardiovascular.

Um estudo clássico publicado no New England Journal of Medicine em 1997 — conhecido como estudo do “paradoxo francês” — chamou atenção para a menor incidência de doenças cardíacas em populações francesas.

Isso apesar do alto consumo de gorduras saturadas, possivelmente devido ao consumo moderado de vinho. Desde então, várias pesquisas têm explorado esses efeitos.

O que dizem as principais organizações de saúde?

A Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Dietary Guidelines for Americans reconhecem que o consumo moderado de álcool pode estar associado a alguns benefícios cardiovasculares, mas alertam para os riscos do consumo excessivo.

Segundo a OMS, o consumo moderado geralmente significa até uma dose padrão por dia para mulheres e até duas doses para homens, sendo uma dose equivalente a 150 ml de vinho com teor alcoólico em torno de 12%.

É fundamental lembrar que “moderação” não significa recomendação para todos.

Riscos e contraindicações

Mesmo doses moderadas de álcool podem aumentar o risco de certos tipos de câncer, como os de mama e fígado, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) e do World Cancer Research Fund.

Além disso, o álcool pode interagir com medicamentos, agravar doenças hepáticas, e não é indicado para gestantes ou pessoas com histórico de dependência.

Estudos recentes, como uma análise de 2018 publicada na revista The Lancet, indicam que nenhum nível seguro de consumo de álcool existe para evitar todos os riscos à saúde, e que a abstinência total pode ser a melhor escolha para minimizar danos.

O Dr. Drauzio Varella, médico oncologista e divulgador científico muito respeitado no Brasil, ressalta que o consumo moderado de vinho pode trazer benefícios, mas alerta para os riscos do álcool em geral.

Em seus vídeos e artigos, Drauzio enfatiza que a moderação é fundamental e que o álcool não é recomendado para todos, principalmente para pessoas com histórico familiar de dependência, gestantes e pessoas com doenças crônicas.

A importância do perfil individual

A decisão de consumir vinho diariamente deve considerar o contexto individual — idade, histórico de saúde, predisposição genética e hábitos de vida.

Para algumas pessoas, os riscos podem superar os benefícios, enquanto outras podem aproveitar os efeitos positivos dentro da moderação.

Beber uma taça de vinho por dia pode ser tolerável – jamais totalmente seguro – para adultos saudáveis e, em alguns casos, trazer benefícios cardiovasculares, mas não é uma recomendação universal.

O consumo deve ser moderado e consciente, sempre levando em conta orientações médicas personalizadas.

Mais importante ainda: saúde é um conjunto de escolhas, incluindo alimentação equilibrada, exercícios físicos, sono de qualidade e controle do estresse.