ARAGUARI, MG — O crédito consignado, modalidade de empréstimo com desconto direto na folha de pagamento, tem sido uma alternativa atrativa para trabalhadores com carteira assinada (CLT) devido às suas taxas de juros geralmente mais baixas. No entanto, em 2025, essa opção enfrenta novos desafios, especialmente com as recentes alterações nas regras e nas taxas de juros praticadas.

Em março de 2025, o governo federal implementou o programa “Crédito do Trabalhador”, visando ampliar o acesso ao crédito consignado para trabalhadores CLT. Uma das principais mudanças foi a possibilidade de contratação direta do empréstimo por meio dos aplicativos dos bancos, eliminando a necessidade de convênios entre empresas e instituições financeiras.
Além disso, a nova modalidade permite o uso do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) como garantia para os empréstimos, oferecendo maior segurança às instituições financeiras e, teoricamente, possibilitando a oferta de taxas de juros mais baixas.
Contudo, apesar dessas mudanças, as taxas de juros do crédito consignado para trabalhadores CLT permanecem superiores às praticadas no setor público. Enquanto servidores públicos têm acesso a taxas em torno de 1,8% ao mês, os trabalhadores da iniciativa privada enfrentam taxas que variam entre 2,5% e 3,68% ao mês, dependendo da instituição financeira e do perfil de crédito do solicitante.
Trabalhadores CLT enfrentam desafios na contratação do crédito consignado
Apesar das facilidades introduzidas pelo novo programa, os trabalhadores CLT ainda enfrentam obstáculos na contratação do crédito consignado. A principal barreira é a taxa de juros mais elevada em comparação com outras categorias, como aposentados e servidores públicos. Essa diferença se deve, em parte, ao maior risco de inadimplência associado aos trabalhadores da iniciativa privada, que podem ser demitidos a qualquer momento.
Além disso, mesmo com a possibilidade de utilizar o FGTS como garantia, as instituições financeiras ainda adotam critérios rigorosos de análise de crédito, o que pode limitar o acesso ao empréstimo para trabalhadores com histórico de crédito comprometido.
Outro desafio é a margem consignável, que determina o percentual do salário que pode ser comprometido com o pagamento das parcelas do empréstimo. Atualmente, a legislação permite que até 35% da renda mensal seja destinada ao pagamento de empréstimos consignados, sendo 5% reservados para o cartão de crédito consignado.
Perspectivas para o crédito consignado em 2025
Apesar dos desafios, o crédito consignado para trabalhadores CLT apresenta perspectivas positivas para 2025. A expectativa é que a ampliação da concorrência entre as instituições financeiras, aliada à digitalização dos processos de contratação, contribua para a redução gradual das taxas de juros e para o aumento do acesso ao crédito por parte dos trabalhadores da iniciativa privada.
Além disso, a possibilidade de portabilidade do crédito consignado, que permite ao trabalhador transferir seu empréstimo para outra instituição financeira que ofereça condições mais vantajosas, pode incentivar a competitividade no setor e beneficiar os consumidores.
O crédito consignado continua sendo uma opção relevante para trabalhadores CLT que buscam acesso a empréstimos com condições mais favoráveis. No entanto, é fundamental que os trabalhadores estejam atentos às taxas de juros praticadas, às condições contratuais e às suas próprias capacidades de pagamento, a fim de evitar o endividamento excessivo e garantir o uso consciente do crédito.
Crédito consignado é útil, mas não deve ser solução permanente
O crédito consignado, mesmo com os desafios impostos pelos juros mais altos para trabalhadores CLT, segue como uma opção importante para quem precisa reorganizar as finanças ou lidar com emergências. No entanto, seu uso deve ser planejado com cautela, considerando o impacto a longo prazo no orçamento pessoal.
A chave para a boa utilização do crédito está na educação financeira, no planejamento e na busca por condições justas de contratação. O trabalhador CLT precisa avaliar cuidadosamente sua capacidade de pagamento e considerar alternativas antes de comprometer sua renda com um empréstimo consignado. O cenário para 2025 indica uma expansão dessa modalidade, mas também exige responsabilidade e atenção redobrada por parte dos consumidores, empregadores e instituições financeiras.
Alternativas ao crédito consignado para trabalhadores CLT
Embora o crédito consignado seja vantajoso em relação a outras modalidades de empréstimo pessoal, trabalhadores CLT que enfrentam dificuldades para obter esse tipo de crédito ou encontram taxas pouco atrativas devem considerar alternativas viáveis.
Uma das opções mais acessíveis é o empréstimo com garantia de imóvel ou veículo, modalidade em que o bem é utilizado como garantia para o banco, o que permite taxas de juros menores. Outra alternativa são os empréstimos com avalistas em cooperativas de crédito, que costumam ter condições mais flexíveis.
Além disso, especialistas em finanças recomendam a criação de uma reserva de emergência como forma de evitar recorrer ao crédito de forma recorrente. Para trabalhadores CLT que recebem benefícios como o FGTS ou participações nos lucros, é possível planejar uma poupança regular, reduzindo a dependência de empréstimos em momentos de aperto financeiro.