VITóRIA DA CONQUISTA, BA — A “febre” dos Bebês Reborn se espalhou pelo Brasil gerando muitos debates. Há quem goste e há quem ache estranho ter uma boneca com características tão próximas da realidade. Porém, tratá-los como reais pode gerar problemas sérios, explica psiquiatra.

explica especialista
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Com características incrivelmente realistas, os Bebês Reborn chamam atenção por onde passam. Inicialmente foram criados com fins terapêuticos e de tratamento médico. Porém, se tornaram itens de coleção e estão conquistando o coração de muitos brasileiros.
A intenção inicial era criar um objeto de conforto e apoio no luto, depressão e até em treinamentos. Hoje as bonecas são mais que isso, há quem as trate como membros da família, aí que mora o perigo.
Danielle Gomes, especialista do FDR, explica quanto custa um Bebê Reborn, incluindo todos os gastos.
Perigos de tratar o Bebê Reborn como reais
Traços realistas, cabelos implantados fio a fio, uma coleção de roupinhas e até certidão de nascimento, esses são os Bebês Reborn. Mais que um brinquedo, são os adulto que mais se interessam pelas bonecas.
O portal Terra ouviu a psiquiatra Luana Dantas, coordenadora do Núcleo Infantojuvenil da Holiste Psiquiatria, que alerta para os riscos do tratamento da boneca como se fosse algo real.
“Em contextos específicos, como em lares de idosos, clínicas ou com mulheres que passaram por perdas gestacionais, as bonecas reborn podem ser utilizadas de forma terapêutica e simbólica, ajudando a reorganizar o emocional da pessoa. Elas podem servir como um apoio transitório para a elaboração do luto, da solidão ou da ansiedade”, explica a psiquiatra.
De acordo com a profissional, é importante observar quando o vínculo com a boneca substitui as relações humanas, afetando a vida social e emocional da pessoa.
“Quando a boneca deixa de ser um objeto simbólico e começa a ocupar o espaço de uma relação real, impedindo a pessoa de lidar com perdas, frustrações ou de estabelecer conexões com o mundo, isso pode ser um sinal de sofrimento psíquico que merece atenção“, alerta.
A profissional lembra que o uso de elementos lúdicos como forma de prazer e regulação é algo normal. No entanto, deve haver equilíbrio, de forma que a aquisição da boneca não afete a vida real.
Sinal de problemas emocionais
Alguns sinais vão indicar problemas emocionais, por exemplo, o excesso de cuidado com a boneca pode indicar processos depressivos, quadros de ansiedade ou até um luto não elaborado.
Um indicador de problemas sérios é quando a separação da boneca gera sofrimento, é nessa hora que se deve procurar um profissional para ajudar a lidar com a situação. A recomendação para os amigos e familiares é que acolham a pessoa que está passando por esse quadro.
Não é hora de julgar, mas sim de oferecer ajuda, o que inclui a marcação de uma consulta com um profissional de saúde mental.
“Nem todo apego é patológico. O problema não está no objeto em si, mas na função que ele cumpre na vida da pessoa. Se ela está emocionalmente estável, mantendo uma rotina funcional, e usa a boneca como hobby ou expressão afetiva, não há motivo para preocupação. Mas se há sofrimento envolvido, a escuta e o suporte psicológico são fundamentais”, finalizar a psiquiatra.
Em resumo, o problema não está em ter um bebê reborn, mas sim em tratá-lo como pessoa e se afastar da realidade.