Formação de médicos vira crise nacional e pode derrubar ações da Bolsa

A formação de médicos no Brasil entrou no centro de uma nova polêmica após o anúncio do Ministério da Educação (MEC) sobre mudanças importantes na avaliação dos cursos de medicina. A criação do Exame Nacional de Avaliação da Formação Médica (Enamed) promete mudar a dinâmica da graduação médica no país, com impacto direto na qualidade dos profissionais formados e no mercado de educação privada.

Formação de médicos vira crise nacional e
pode derrubar ações da Bolsa. (Imagem: Marcelo Camargo/Agência Brasil)

Com a formação de médicos sendo cada vez mais questionada devido à expansão acelerada de vagas nos últimos anos, o governo busca agora estabelecer um controle de qualidade mais rigoroso. O novo exame será obrigatório para todos os formandos, realizado anualmente e, além de avaliar os cursos, servirá também como parte do processo seletivo para a residência médica.

Formação de médicos

O Enamed chega para substituir parte da avaliação teórica exigida no exame nacional de residência (Enare), aumentando o engajamento dos estudantes e pressionando as instituições a manterem padrões elevados. A iniciativa reflete a preocupação crescente com a formação médica e abre espaço para discussões sobre a criação de um exame de proficiência para médicos, semelhante à prova aplicada aos advogados pela OAB.

Esse possível novo exame, ainda em tramitação no Congresso por meio do Projeto de Lei 2.294/2024, pode afetar diretamente a sustentabilidade financeira dos cursos privados. Universidades podem ver suas mensalidades desvalorizadas caso a dificuldade em obter licença para exercer a profissão aumente entre os alunos.

Precisa apresentar atestado médico no trabalho? A especialista Lila Cunha, colaboradora do FDR, explica quando o documento pode causar a dispensa do trabalhador.

Empresas de educação são as mais expostas

Segundo matéria do InfoMoney, a mudança preocupa o mercado financeiro, especialmente empresas ligadas ao ensino superior. Grupos como Afya, Ânima (ANIM3) e Yduqs (YDUQ3) têm grande parte de seus lucros dependentes dos cursos de medicina, cerca de 85%, 60% e 35% do Ebitda, respectivamente. A Cogna (COGN3), apesar de menos exposta, também pode ser impactada.

Relatórios recentes apontam que, em avaliações anteriores como o Enade, muitos cursos dessas instituições já mostravam desempenho insatisfatório, principalmente Ânima e Yduqs. Caso essa tendência negativa persista com o Enamed, as consequências podem ir além da reputação, afetando também a autorização para novas vagas e a participação em programas federais como FIES e Prouni.