Prejuízo de 16% pode atingir o país com fim da jornada 6×1, diz estudo

SALESóPOLIS, SP — Quem nunca sonhou em trabalhar menos e continuar ganhando o mesmo salário? O plano de vida de muitos brasileiros pode ir por água abaixo depois da divulgação de um estudo feito pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (Fiemg).

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Prejuízo de 16% pode atingir o país com fim da jornada 6×1, diz estudo
(Foto: Jeane de Oliveira/FDR)

Há no Congresso Nacional um projeto que reduz a jornada de trabalho de 40 horas, colocando fim a escala 6×1, em que se trabalha seis dias da semana para folgar um. 

No entanto, o recente estudo do Fiemg indica que o PIB (Produto Interno Bruto) do país pode cair até 16%, o que significa um rombo de pelo menos R$ 2,9 trilhões na economia brasileira.

Seria o mesmo que, por exemplo, tirar da economia do país o equivalente ao dobro do PIB do Chile. 

Como ficariam as vagas de emprego com redução da escala 6×1?

Segundo a pesquisa, em um cenário ruim onde há perda de produtividade no país, além da economia brasileira desandar, os trabalhadores também vão sentir mudanças negativas:

  • Diminuição de até 18 milhões de vagas de emprego;
  • Redução de R$ 480 bilhões da massa salarial, ou seja, dinheiro que deixaria de circular em consumo, investimento e arrecadação tributária. 

A pesquisa também simulou um cenário um pouco mais otimista, com ganho de 1% da produtividade. Ainda assim, haveria perda de 16 milhões postos de emprego e redução de R$ 428 milhões na renda dos trabalhadores. 

“A lógica é simples: menos horas trabalhadas significam menos produção, a não ser que cada hora seja muito mais produtiva — o que não é o caso do Brasil atual”, afirma revista Veja.

O que pode mudar com o fim da escala 6×1?

A admissão com carteira de trabalho assinada dá ao trabalhador uma série de garantias previstas pela CLT, como o salário igual ao piso do país ou categoria. Além do direito as férias, 13º salário e a folga semanal. 

A medida criada pela deputada Érika Hilton (PSOL) no ano passado propõe o fim da escala 6×1, substituindo esse modelo por outro em que a carga de trabalho semanal seja menor. 

Dentro da proposta são inseridos pontos de mudança como:

  • acabar com a possibilidade de escalas de 6 dias de trabalho e 1 de descanso, chamada de 6×1;
  • alterar a escala de trabalho para um modelo em que o trabalhador teria três dias de folga, incluindo o fim de semana;
  • o período máximo trabalhado seria de 8 horas por dia e 36 horas semanais;
  • a escala seria de 4×3, com quatro dias de trabalho por semana e 3 dias de descanso;

“[a PEC] reflete um movimento global em direção a modelos de trabalho mais flexíveis aos trabalhadores, reconhecendo a necessidade de adaptação às novas realidades do mercado de trabalho e às demandas por melhor qualidade de vida dos trabalhadores e de seus familiares”, defende Hilton, criadora do projeto.

Lila CunhaLila Cunha
Formada em jornalismo pela Universidade de Mogi das Cruzes (UMC) desde 2018. Já atuou em jornal impresso. Trabalha com apuração de hard news desde 2019, cobrindo o universo econômico em escala nacional. Especialista na produção de matérias sobre direitos e benefícios sociais. Suas redes sociais são: @liilacunhaa, e-mail: lilacunha.fdr@gmail.com