SALESóPOLIS, SP — Depois do secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, ter dito que o governo federal proibiria o uso do Bolsa Família em apostas online, o Banco Central se pronunciou de forma diferente. Os planos do governo podem ir por água abaixo.

Recentemente, em entrevista concedida ao Estadão, o secretário de Prêmios e Apostas do Ministério da Fazenda, Regis Dudena, adiantou que o governo federal tem planos para proibir o uso do Bolsa Família e do BPC (Benefício de Prestação Continuada) para fazer apostas online.
Na última terça-feira (8), o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, e o secretário-executivo do órgão, Rogério Lucca, informaram que atualmente há movimentação de R$ 20 bilhões a R$ 30 bilhões por mês em plataformas de apostas online, as bets.
Isso significa que apostar em jogos de cassino digital já se tornou um costume dos brasileiros, com movimentações bilionárias em torno dessa prática.
Na ocasião, enquanto participavam da CPI das Apostas Esportivas no Senado, o presidente do Banco Central negou que seja possível controlar o uso do Bolsa Família e do BPC nestas plataformas.
Banco Central não vai proibir o uso do Bolsa Família e do BPC nas bets?
Durante a participação dos representantes do Banco Central na CPI das Apostas Esportivas, não foi negado que o BC vai seguir as instruções do governo. Porém, foi dito que é difícil conseguir controlar a forma como o dinheiro de programas sociais será usado.
“Como é que, estando o dinheiro na conta, se é possível fazer alguma segregação. São estudos que estão sendo desenvolvidos pela secretaria de Prêmio e Apostas do Ministério da Fazenda. O BC vai fazer aquilo que o comando legislativo determinar“, declarou o presidente do Banco Central.
A ideia do governo federal, conforme adiantou Regis Dudena, era de fiscalizar os pagamentos feitos para essas plataformas usando a identificação do CPF.
Isto é, seriam bloqueados os PIX que fossem feitos por um CPF que recebe o Bolsa Família ou o BPC. No entanto, o presidente do Banco Central afirmou que essa tática não vai funcionar.
Galípolo lembrou que as transferências e pagamentos feitos por meio do PIX são protegidas pelo sigilo bancário, logo não será possível fazer essa fiscalização.