Liberdade financeira ou endividamento? Entenda as preocupações por trás do novo consignado do trabalhador

ARAGUARI, MG — O consignado do trabalhador gerou grande entusiasmo entre o governo Lula e seus aliados, que comemoram o número crescente de brasileiros aderindo à nova modalidade de empréstimo. Embora a medida tenha sido promovida como uma solução financeira, ela levanta preocupações sobre suas implicações a longo prazo.

Liberdade financeira ou endividamento? Entenda as preocupações por trás do novo consignado do trabalhador. Imagem: Jeane de Oliveira/FDR

Milhões de cidadãos são individualizados com o crédito, que foi apelidado de “Crédito do Trabalhador”. A medida que promete facilitar o acesso ao crédito, tem sido criticada por sua natureza potencialmente prejudicial às mais vulneráveis.

O consignado do trabalhador chegou com promessas de juros mais baixos, mas com um preço oculto. Para obter o empréstimo, que será pago por meio de descontos diretamente da folha de pagamento, o trabalhador oferece, além de até 35% do seu salário, parte do saldo do seu FGTS.

Essa modalidade de crédito, que parece vantajosa à primeira vista, traz consigo o risco de ainda comprometer mais a renda dos mais vulneráveis. A proposta, apresentando de forma atraente na tela do celular, esconde armadilhas que podem gerar dívidas a longo prazo.

Com o crescente endividamento de mais de 70% dos brasileiros, o consignado do trabalhador tem se apresentado como uma alternativa aparentemente vantajosa. Muitos podem enxergar como uma solução para tomar dinheiro emprestado com juros mais baixos para quitar dívidas com taxas mais altas, como prometido pelo governo.

No entanto, essa troca pode ser arriscada. Ao substituir um credor que cobra juros de 100% ao ano por outro que oferece uma taxa de 40%, o trabalhador pode acabar se afundando ainda mais em dívidas, sem resolver a raiz do problema financeiro.

Novo consignado do trabalhador oferece riscos?

O consignado do trabalhador, promovido como uma solução financeira acessível, pode acabar comprometendo mais do que a renda mensal do cidadão. Após subtrair uma parte significativa do salário, o trabalhador ainda vê o FGTS, sua poupança depositada, sendo usada como garantia.

O governo, ao promover essa modalidade de crédito, pode estar vendendo a ideia de que o FGTS garantirá um futuro mais tranquilo. No entanto, essa “garantia” pode ser uma ilusão, já que o rendimento do fundo é, na prática, inferior ao necessário para proporcionar uma aposentadoria confortável.

O consignado do trabalhador, promovido pelo governo, pode se estender por até 96 meses, tornando o crédito ainda mais caro. Considerando que o tempo médio de permanência do brasileiro em um emprego é de apenas 24 meses, muitos individualizados enfrentam dificuldades para quitar as parcelas.

Nos casos em que o saldo do FGTS e as verbas rescisórias não forem suficientes, o trabalhador poderá carregar a dívida para o próximo emprego, caso consiga um. Esse cenário aumenta a pressão sobre quem já está em uma situação financeira delicada, gerando um ciclo difícil de quebra.

O consignado do trabalhador é parte da estratégia do governo Lula para contribuir para a economia, oferecendo crédito a quem está individual ou sem emprego. Anteriormente, o foco era permitir que os trabalhadores comprassem bens de consumo, agora a ênfase é na promessa de liberdade financeira, mesmo que essa liberdade envolva mais dívidas.

Sob a cobertura entusiástica dos aliados da imprensa, muitos trabalhadores acabam assumindo compromissos financeiros pesados. A ilusão de um futuro melhor, com mais dívidas a serem pagas, é celebrada como um progresso, mas a realidade é muito mais complexa.

Como o novo crédito consignado do trabalhador funcionará?

O crédito consignado dos trabalhadores poderá ser solicitado por meio do aplicativo Carteira de Trabalho Digital (CTPS Digital). A ferramenta permite a contratação junto a bancos credenciados pelo Governo Federal, tornando o processo mais ágil e seguro.

Para aderir ao crédito consignado dos trabalhadores, o empregado deve autorizar o acesso a dados como nome, CPF, tempo de serviço e margem consignável. Todas as informações serão protegidas conforme as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Após autorizar a consulta de dados, o trabalhador receberá propostas para o crédito consignado dos trabalhadores em até 24 horas. As instituições financeiras apresentarão opções de empréstimo conforme o perfil do solicitante.

A contratação do crédito consignado dos trabalhadores poderá ser feita de forma digital pelo banco escolhido. O valor das parcelas será descontado automaticamente na folha de pagamento, com registro no eSocial.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.