Os bancos brasileiros estão intensificando seus esforços para dificultar as transferências de dinheiro para sites de apostas online. A estratégia, que tem o objetivo de proteger os clientes de potenciais perdas financeiras e evitar o superendividamento, tem gerado debates acalorados sobre a liberdade econômica e o papel das instituições financeiras na vida dos cidadãos.
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no app e mensagem surpreende. (Imagem: Jeane de Oliveira/ FDR)
A guerra declarada pelos bancos contra as apostas online ocorre em um contexto de crescimento desse mercado no Brasil. O país é um dos líderes mundiais em acesso a plataformas de apostas online, com bilhões de visitas registradas em 2024.
A regulamentação da atividade, que teve início este ano, é vista como uma oportunidade para corrigir “problemas estruturais” e reduzir os riscos associados aos jogos de azar, como o superendividamento.
Bancos tentando impedir
Segundo a Folha de S.Paulo, o Bradesco, um dos maiores bancos privados do país, adotou uma medida ousada: toda vez que um cliente tenta realizar um Pix para uma casa de apostas, o banco exibe uma mensagem de alerta, desaconselhando a transação e oferecendo opções mais seguras para “valorizar o dinheiro”.
A iniciativa, que visa conscientizar os clientes sobre os riscos envolvidos nas apostas, é um claro sinal de que a guerra contra os jogos de azar está ganhando força.
De acordo com o Valor Econômico, o Nubank, por sua vez, implementou uma estratégia semelhante, mas com um toque de sutileza. Ao identificar uma chave Pix associada a sites de apostas, o banco exibe uma mensagem que questiona se a transferência se destina a jogos de azar e sugere que o cliente considere guardar o dinheiro em vez de apostar.
A mensagem, que apela para o senso de responsabilidade financeira do usuário, não impede a transação, mas serve como um lembrete dos riscos envolvidos.
A especialista Marina Costa, colaboradora do FDR, explica mais sobre a nova política do C6 Bank em relação a apostas online dos clientes.
Reação do setor de apostas
As medidas adotadas pelos bancos não foram bem recebidas pelo setor de apostas, que divulgou uma nota de repúdio, apontando a ação como uma “postura contrária à liberdade econômica e à atividade regulada”. As associações que representam as casas de apostas argumentam que a iniciativa dos bancos interfere na livre escolha dos consumidores e prejudica um mercado em franca expansão.
O que dizem os bancos?
Tanto o Bradesco quanto o Nubank afirmam que as mensagens exibidas aos clientes têm caráter meramente informativo e não impõem restrições às transações. Os bancos argumentam que o objetivo é oferecer ferramentas que ajudem os clientes a gerenciar seus recursos de forma mais consciente e responsável.