Compras parceladas: um perigo oculto nas despesas de fim de ano

Com as festas de fim de ano se aproximando, as compras parceladas se tornam uma solução tentadora para muitos consumidores. Presentes, decoração, roupas e calçados novos geram gastos inesperados, que exigem atenção para não desequilibrar as finanças.

Compras parceladas: um perigo oculto nas despesas de fim de ano. Imagem: FDR

O planejamento financeiro se torna essencial nesse período para evitar o endividamento e não cair na tentação das compras parceladas. De acordo com dados da Confederação Nacional do Comércio (CNC), o índice de famílias endividadas no Brasil alcançou 76,9% em outubro, com a inadimplência atingindo 29,3%, um cenário mais crítico entre as famílias de baixa renda, com inadimplência de 37,7%.

Em entrevista ao portal Diário do Vale, o contador Joaquim Barbosa Pereira, professor de Ciências Contábeis da Estácio, ressalta a necessidade de monitorar o fluxo de caixa ao longo do ano para evitar dívidas nas festas de fim de ano.

Ele alerta que as compras parceladas, frequentes nesse período, podem distorcer a percepção real dos gastos. Segundo Barbosa, o risco está na soma das pequenas parcelas com despesas diárias, resultando em um impacto significativo no orçamento.

“O perigo das compras pagas em várias vezes é que as pequenas parcelas, somadas aos gastos cotidianos, geram um montante elevado de desembolsos mensais. A dica é focar no total das parcelas e no quanto elas comprometerão o orçamento”, aconselha.

Impacto das compras parceladas

Um estudo da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), em parceria com a Offerwise, revelou dados preocupantes sobre o comportamento financeiro dos brasileiros. Segundo a pesquisa de 2023, 51% dos entrevistados acumulavam compras parceladas em cartões de crédito, crediários e cheques pré-datados, totalizando 71,1 milhões de consumidores com dívidas ativas.

Além disso, 51% dos participantes admitiram não controlar seus gastos, agravando a situação de inadimplência. O levantamento destacou que 52% dos entrevistados tinham até 75% da renda comprometida com dívidas em atraso, evidenciando o impacto negativo das compras parceladas sem planejamento adequado.

É importante considerar as despesas sazonais de início de ano, como férias e impostos, no planejamento financeiro. Ele ressalta que, com um controle detalhado do fluxo de caixa, é possível usar o 13º salário com responsabilidade, evitando dívidas. O alerta se estende às promoções de fim de ano e às compras parceladas, comuns nesse período.

Muitas vezes, os anúncios enfatizam apenas o valor da parcela, ocultando o custo total do produto. Pereira recomenda cautela, especialmente nas compras parceladas, já que juros embutidos podem encarecer significativamente o produto.

Compras parceladas podem levar a golpes

Sob a perspectiva do direito do consumidor, o professor Paulo Sérgio Rizzo, especialista em Direito do Consumidor da Estácio, alertou em entrevista ao portal Diário do Vale, para os riscos associados às compras parceladas e ao aumento de golpes durante o período de compras online. Segundo ele, a atenção deve ser redobrada para evitar fraudes comuns nessa época do ano.

Rizzo orienta que consumidores fiquem atentos a ofertas exageradamente vantajosas e sites sem certificação de segurança. Nas compras parceladas, ele reforça a importância de verificar a procedência da empresa e evitar formas de pagamento difíceis de rastrear, como boletos ou depósitos diretos.

Para evitar fraudes nas compras parceladas, uma das principais orientações é checar a reputação da loja em sites de reclamação e evitar clicar em links recebidos por mensagens ou redes sociais. Esse cuidado é essencial para minimizar riscos durante o aumento das compras online.

Caso o consumidor seja vítima de golpe, o professor Paulo Sérgio Rizzo destaca a importância de registrar um boletim de ocorrência imediatamente. Além disso, nas compras parceladas feitas com cartão de crédito, é fundamental tentar cancelar a transação junto à instituição financeira. Se necessário, buscar orientação jurídica pode ser crucial para a resolução do problema.

Rizzo enfatiza que, em situações envolvendo compras parceladas, o consumidor pode buscar auxílio jurídico se sentir que seus direitos foram desrespeitados. Isso inclui problemas como produtos com defeitos, cobranças indevidas ou publicidade enganosa.

Além disso, o especialista destaca que questões relacionadas à recusa de trocas ou devoluções também podem ser levadas à justiça. Consultar um advogado especializado em direito do consumidor é uma medida eficaz para garantir que o cliente não seja prejudicado em suas relações comerciais.

Laura AlvarengaLaura Alvarenga
Laura Alvarenga é graduada em Jornalismo pelo Centro Universitário do Triângulo em Uberlândia - MG. Iniciou a carreira na área de assessoria de comunicação, passou alguns anos trabalhando em pequenos jornais impressos locais e agora se empenha na carreira do jornalismo online através do portal FDR, onde pesquisa e produz conteúdo sobre economia, direitos sociais e finanças.