A escala 6×1, modelo de jornada que exige seis dias consecutivos de trabalho seguidos por apenas um de descanso, tem gerado intensos debates no Brasil. A proposta para substituí-la por uma jornada 5×2, com dois dias de folga, tem ganhado apoio crescente, especialmente nas redes sociais e no Congresso Nacional.
O movimento da escala 6×1, liderado pela iniciativa “Vidas Além do Trabalho”, busca melhorar a qualidade de vida do trabalhador. A proposta foi apoiada pela deputada federal Erika Hilton, que transformou a ideia em uma Proposta de Emenda à Constituição (PEC), promovendo um debate importante sobre as condições laborais no país.
Ela pretende estabelecer a jornada de trabalho de até oito horas diárias e 36 horas semanais, com uma escala 6×1 reduzida para quatro dias de trabalho e três de descanso. O projeto também é discutido no contexto da PEC 221/19, do deputado Reginaldo Lopes, que propõe reduzir a jornada semanal de trabalho de 44 para 36 horas. A transição seria gradual, com um prazo de dez anos para sua implementação.
Atualmente, a Constituição Federal permite uma jornada de até 8 horas diárias e 44 horas semanais, o que possibilita o formato de escala 6×1, com seis dias de trabalho e um dia de descanso. O projeto aguarda a nomeação de um relator na Comissão de Constituição e Justiça desde março.
Mobilização pela escala 6×1
Uma pesquisa recente da Nexus – Pesquisa e Inteligência de Dados, destacou um aumento expressivo no debate sobre o fim da escala 6×1 nas redes sociais. Entre 7 e 12 de novembro, o número de mensagens sobre o tema disparou de 539 para 11.969.
O engajamento também teve um salto impressionante de 5.500%, com interações, como curtidas, comentários e compartilhamentos, crescendo de 267 mil para quase 15 milhões. Desses, 67% obtiveram apoio à mudança, especialmente entre os jovens adultos, que buscam mais equilíbrio entre trabalho e vida pessoal. Marcelo Tokarski, CEO da Nexus, afirma que a adesão à proposta reflete o desejo de uma sociedade que priorize tanto o trabalho quanto o tempo livre.
Como a escala 6×1 impacta as empresas?
Empresas que experimentaram jornadas alternativas, como a escala 6×1 e a escala 5×2, trazem benefícios benéficos. A conveniência de horários mais flexíveis em:
-
Aumento de produtividade, já que trabalhadores descansados apresentam um desempenho melhor.
-
Redução no absenteísmo, com menos faltas por motivos de saúde.
-
Melhoria no clima organizacional, com funcionários mais motivados e alinhados aos objetivos da empresa.
-
Porém, setores como segurança pública e saúde ainda demonstram preocupação. Nessas áreas, que exigem operação contínua, a adaptação das escalas pode ser um desafio maior.
O que diz a proposta sobre a escala 6×1?
A proposta de revisão da escala de 6×1 propõe alterar o artigo 7º da Constituição, que atualmente estabelece uma jornada semanal de até 44 horas. Se aprovada, a mudança permitirá jornadas mais curtas e mais dias de folga, prática já adotada em alguns países.
A discussão divide opiniões: para apoiadores, a medida pode melhorar a qualidade de vida dos trabalhadores e impulsionar a produtividade. Por outro lado, empresários temem que a alteração eleve os custos com mão de obra, criando novos desafios para as empresas.
A diminuição da jornada semanal de 44 para 40 horas é uma pauta histórica das centrais sindicais. Em setores como comércio e serviços em supermercados, drogarias e shoppings, prevalece a escala de 6×1, em que os trabalhadores atuam de segunda a sábado, com folgas aos domingos.
Na escala de 6×1, funcionários de serviços essenciais, como saúde, transporte e comércio, podem trabalhar aos domingos, desde que haja um sistema de revezamento para assegurar folgas regulares. Essas condições devem ser garantidas em acordos coletivos.
O Brasil apresenta uma diversidade de escalas de trabalho, incluindo jornadas de seis horas diárias, quatro horas para aprendizes, e a escala 12×36, amplamente aplicada no setor de saúde.
Qual é a justificativa para o fim da escala 6×1?
No texto do abaixo-assinado que busca apoio para o fim da escala de 6×1, o movimento VAT destaca que a jornada de trabalho no Brasil frequentemente excede limites saudáveis, sendo essa escala uma das principais causadoras de desgaste físico e mental entre trabalhadores. O grupo enfatiza que esse regime de trabalho impacta diretamente a qualidade de vida, prejudicando a saúde, o bem-estar e as relações familiares dos empregados.
Para ampliar a discussão e recolher depoimentos, o tiktoker e líder do movimento, Rick Azevedo, criou um canal no Telegram. Lá, trabalhadores compartilham relatos de abusos e dificuldades enfrentadas no ambiente profissional.
Quando o abaixo-assinado em prol do fim da escala de 6×1 alcançou 800 mil assinaturas, uma petição foi formalmente encaminhada ao Congresso, pedindo que o tema fosse debatido amplamente. A proposta sugere substituir a jornada 6×1 por uma escala de 4×3, com quatro dias de trabalho e três de descanso, sem redução salarial.