Foi descoberto pela Polícia Federal uma minuta, isto é, um plano, que pretendia dar um golpe de Estado. A motivação seria o resultado das eleições de 2022, onde Luiz Inácio Lula da Silva (PT) saiu vencedor. Se tivesse dado certo, há essa altura três pessoas estariam mortas.
Nos últimos dias um escandâlo tomou conta das mídias e a imprensa passou a cobrir a Operação Contragolpe, chefiada pela Polícia Federal. Na terça-feira (18), pelo menos cinco pessoas foram presas, todos acusados de participar do plano de golpe ao Estado.
De acordo com a Polícia Federal, o plano foi elaborado pelo general do Exército da reserva e ex-assessor de Jair Bolsonaro (PL), Mario Fernandes. Junto com ele, outros quatro militares também faziam parte do grupo que planejava a morte dos chefes do Estado.
São três tenentes-coroneis e um policial federal, todos pertencentes ao grupo “kids pretos”, nome dado a militares das Forças Especiais (FE). Eles foram presos na última terça-feira (19), e agora devem ser ouvidos para ajudar na investigação.
Todos respondem a acusação pelo plano que deveria matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes. O plano seria executado em dezembro de 2022, logo após o resultado das eleições presidenciais.
O que já se sabe sobre a tentativa de golpe de Estado
As investigações da Polícia Federal vão sendo colocadas a público aos poucos. Por isso, por enquanto ainda existem informações ainda muito rasas sobre o que de fato teria acontecido.
Ainda assim, essas informações são provas suficiente para que cinco pessoas fossem presas até que todos os fatos sejam esclarecidos.
Os principais pontos da minuta do golpe que a polícia teve acesso incluem:
- O presidente Lula e o vice-presidente Alckmin deveriam ser mortos;
- O presidente do STF, Alexandre de Morares, seria preso e depois executado;
- O documento continha todos os dados necessários para a execução de uma operação de alto risco;
- O plano era matar o presidente Lula usando envenenamento ou químicos. Não há detalhes sobre como seria a morte de Alckmin, apenas que isso aconteceria para “acabar com a chapa vencedora de 2022”;
- Para Alexandre de Moras o plano era que o assassinato ocorresse por envenenamento, ou com o uso de artefato explosivo;
- No grupo criado no WhatsApp e chamado de “Copa 2022”, os criminosos utilizavam codinomes: eles eram chamados de Alemanha, Áustria, Brasil, Argentina, Japão e Gana;
- O plano recebeu dos autores o nome de “Punhal Verde e Amarelo”;
- Ainda não se sabe de fato porque o plano não deu certo.
Bolsonaro tem alguma relação com a minuta do golpe?
Segundo o que tem sido acompanhado pela imprensa, o nome do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é citado algumas vezes durante a ação da Polícia Federal. Um dos motivos para isso é que o principal acusado de ter montado o golpe de Estado foi assessor de Bolsonaro.
O general Mario Fernandes foi assessor de Jair enquanto ele ocupava o cargo de presidente da República. E de acordo com a polícia, Fernandes foi o responsável por organizar, em tópicos, todo o planejamento das “operações clandestinas” e as execuções de Lula, Alckmin e Moraes.
Além disso, foi identificado pela Polícia Federal dois momentos em que Fernandes e Bolsonaro se mantiveram no mesmo ambiente enquanto o golpe estava sendo planejado. A primeira vez foi em 6 de dezembro de 2022, quando o documento com o plano foi impresso no Palácio do Planalto.
“Desta forma, conforme exposto, fica evidenciado que, no dia 06/12/2022, no horário em que o secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general MARIO FERNANDES imprimiu o documento “Plj.docx” (18h09min), possivelmente relacionado ao planejamento operacional da ação clandestina (…), o então presidente da República JAIR BOLSONARO também estava no Palácio do Planalto. No mesmo período, verificou-se também a presença concomitante, na região do palácio do Planalto, de MAURO CID e RAFAEL DE OLIVEIRA“, afirma a PF em documento disponibilizado para a imprensa.
O ex-presidente e seu ex-assessor também se encontraram no dia 8 de dezembro de 2022. Outra evidência trazida pela polícia são trocas de mensagens entre Fernandes e Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, registradas nesta mesma data.
Na conversa, ele diz que o ex-presidente teria dito que “qualquer ação” poderia ocorrer até o dia 31 de dezembro.
Também consta na investigação da Polícia Federal de que Bolsonaro teria analisado, e até mesmo mexido nos pontos que constavam na minuta do golpe. Ou seja, teria ajudado a construir o plano de morte de Lula, Alckmin e Moraes.