O cartão de crédito é a forma mais utilizada pelos brasileiros na hora de pagar um produto ou serviço. Um debate sobre o fim do parcelamento sem juros tem preocupado bastante a todos, afinal, pode causar problemas para grupos específicos da sociedade.
Provavelmente você já realizou uma compra e escolheu o parcelamento sem juros no cartão de crédito. Se você analisou de fato as opções, percebeu que o valor do produto aumenta muito quando são aplicados juros. Isso acontece porque a taxa de juros do cartão de crédito é alta no país.
Nas discussões em Brasília sobre como baixar os juros rotativos do cartão, que chegam a 430% ao ano, grandes instituições bancárias têm pressionado pelo fim do parcelamento sem juros. O que as empresas alegam é que este tipo de transação alimenta a inadimplência, que seria a causa dos juros altos. Trata-se de uma batalha em torno de R$ 1 trilhão, equivalente a metade das transações por cartão no país.
Brasileiros precisam se preparar para o fim do parcelamento sem juros
Na última semana o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, afirmou que o BC estuda cobrar um taxa para o parcelamento sem juros. “Não é proibir [o parcelamento], é simplesmente tentar fazer com que ele fique um pouco mais disciplinado”, afirmou o presidente do Banco Central.
Segundo ele, a taxa seria cobrada como um “incentivo” para fazer com que os brasileiros desistam dessa modalidade de compra. Essa decisão deve diminuir a inadimplência, já que, segundo o BC, o parcelamento sem juros contribui bastante para que ela seja alta.
A decisão sobre o parcelamento sem juros parece estar longe do fim e ainda deve gerar mais debates.
O fim do parcelamento sem juros pode afentar a quem?
Em entrevista para a UOL, o especialista em relações de consumo das classes populares no país, Renato Meirelles, afirma que restringir o parcelamento sem juros no cartão de crédito culpa o consumidor, que é a “vítima dos juros altos”.
Além disso, trouxe à tona que o fim da modalidade de crédito, ou restrições a ela, pode ter dois tipos de impacto negativo na economia real.
O primeiro, afirma, é a diminuição no consumo propriamente dito da classe C, onde 6 em cada 10 pessoas possuem cartão de crédito. Sendo assim, o principal meio de financiamento no cotidiano ou da atividade profissional.
O segundo será uma retração nas receitas de pequenos negócios e profissionais liberais. Consultórios de dentistas, por exemplo, só conseguem oferecer determinados tratamentos para pessoas com renda mais baixa graças ao parcelamentos sem juros no cartão.