Um jogador de futebol é mais um dos atletas que aparece em diálogos obtidos pela Operação ‘Penalidade Máxima II‘, encabeçada pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), que investiga manipulação e ações indevidas no futebol.
O volante Fernando Neto, atualmente no São Bernardo, é mais um jogador de futebol investigado em um esquema envolvendo jogadores e grupos criminosos, que ganhavam dinheiro com apostas relacionadas a lances específicos em partidas das Séries A e B do Campeonato Brasileiro, além de partidas de torneios estaduais.
Conversas interceptadas pelo MP-GO mostram o volante Fernando Neto admitindo que tentou tomar um cartão vermelho em troca de R$ 500 mil. As competições analisadas são de 2022.
Diálogo entre o jogador de futebol e o apostador
Fernando, que no ano passado atuava no Operário, tenta se justificar com o apostador, por não ter conseguido ser expulso em um jogo, algo combinado anteriormente para que ele embolsasse cerca de R$ 500 mil.
“O árbitro no meio do jogo chegou em mim e perguntou se eu tava querendo ser expulso pra você ter uma ideia. Na volta do intervalo ele falou a mesma coisa e perguntou o que estava acontecendo […] olha as faltas que fiz, só faltou eu agredir o árbitro pra acontecer alguma coisa.” Fernando Neto, volante que estava no Operário (PR).
A justificativa de Fernando, porém, não é aceita pelo apostador: “Vou te dar um papo… Independente se eu vi o jogo, se eu acompanhei, é claro que eu vi que você ‘tentou’, mas só tentar não serve pra gente. Se você está honrando um compromisso, um trampo, um valor alto tanto pro seu lado quando pro nosso lado, que querendo ou não é nosso dinheiro no risco. Você tem que fazer. […] E infelizmente você acabou entrando em um prejuízo“, pontua o apostador.
O atleta, dizendo que não tinha dinheiro para arcar com os custos, voltou a tentar se explicar: “Quando levei o cartão, eu xinguei ele sim. O cara não quis me expulsar. Até parecia que ele não queria me expulsar por nada.”
O que a justiça definiu
Na terça-feira (9), a Justiça de Goiás aceitou a denúncia contra 16 pessoas, incluindo 8 jogadores que estariam envolvidos no caso. Assim eles se tornaram réus e têm dez dias para se defender.
Fernando Neto foi denunciado no artigo 41-C do Estatuto do Torcedor, que diz ser crime “solicitar ou aceitar, para si ou para outrem, vantagem ou promessa de vantagem patrimonial ou não patrimonial para qualquer ato ou omissão destinado a alterar ou falsear o resultado de competição esportiva.” A pena vai de dois a seis anos de prisão, além de multa.
O processo corre em Goiás porque, embora envolva jogos em várias partes do Brasil, ele começou a partir de denúncias envolvendo times goianos. Bruno Lopez, Thiago Chambó e Romário dos Santos, apontados como operadores do esquema, estão presos preventivamente.
