Segundo o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, o setor automobilístico estuda junto ao governo federal formas de fomentar o mercado. Para isso, permitiria que recursos vindos do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) possam ser usadas pelo trabalhador para comprar um veículo novo.
Para Márcio de Lima Leite, permitindo que os trabalhadores usem o FGTS para dar entrada ou quitar totalmente o valor de um carro novo, a frota de veículos brasileiros poderia ser renovada. Hoje, os valores acumulados na conta do fundo de garantia somente podem ser usados em situações bem específicas, como na demissão sem justa causa, compra da casa própria ou por doença grave.
Na compra de um imóvel, o cidadão tem algumas alternativas, como: usando os valores do fundo para dar entrada no financiamento, quitar as parcelas que estão atrasadas, liquidar a dívida. Muito dos recursos que ficam disponível no fundo de garantia são usados pela Caixa Econômica como garantia para essas movimentações no mercado imobiliário.
“Uma das alternativas que se colocam é parecida com a que o Chile fez no ano passado, que liberou o fundo de previdência, que é muito similar ao nosso FGTS, como parte de pagamento para a compra de veículo zero, e as vendas estouraram“, comentou Leite.
Como FGTS pode ser usado para comprar um carro?
A indústria automotiva tenta se recuperar da crise gerada pela pandemia. Segundo a Anfavea, a produção acumulada no primeiro trimestre ainda está cerca de 50 mil unidades abaixo da obeservada nos níveis pré-pandemia. Tudo porque, sem matéria prima o valor dos veículos novos e seminovos aumentou.
De acordo com a consultoria automotiva JATO Dynamics, houve um crescimento de 16,9% nos preços de carros de 2021 para 2022. Em 2022 foi apresentado na Câmara dos Deputados um projeto de lei que previa usar o saldo do FGTS na compra de um carro novo.
A PL 2679/22 , de autoria do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (União-MA), ficou parada na Câmara, sem evoluir. Sobre a proposta do presidente da Anfavea, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, diz ser “radicalmente contra”.
“Não sei se tem alguém do governo que tem alguma posição. A minha posição, como ministro do Trabalho, é radicalmente contra“, disse Marinho a jornalistas, após uma audiência pública em comissão na Câmara dos Deputados.