Envolvida em polêmica com trabalho escravo, vínicola Salton teve recorde de faturamento em 2022

A Salton, uma das principais vinícolas do Brasil, chocou a todos por conta das polêmicas envolvendo um de seus fornecedores, que foi flagrada com trabalhadores escravizados. Os números da empresa são surpreendentes, porém, como será que ficarão após toda este episódio?

O espetacular ano de 2022

Em 2022, o faturamento da empresa foi o mais alto já registrado ao longo dos 112 anos de existência: R$ 500 milhões. De acordo com a Salton, com este resultado, a meta de atingir R$1 bi até 2030 segue mantida. Agora fica a dúvida após as graves denúncias.

“O ano de 2022 trouxe desafios e novas formas de fazer nosso negócio prosperar, com inovações e projetos que nos estimulam, cada vez mais, investir nossos esforços na preservação do meio ambiente, na economia dos nossos recursos e nos cuidados com nossos stakeholders”, disse Maurício Salton, CEO da Salton à Forbes.

No último ano, foram comercializadas 24,5 milhões de garrafas entre espumante, vinho e não alcoólicos da empresa.

As vendas também acumulam 7,8 milhões de garrafas de destilados. Deste volume de vendas, cerca de um milhão de garrafas foram exportadas para 30 países, dos quais seis deles foram mercados conquistados em 2022 (Gana, França, Holanda, Maldivas, Nova Zelândia e Hong Kong). Os Estados Unidos se destaca, mercado em que a vinícola representa 96% das vendas de espumantes do Brasil para  esse país.

A Salton investiu no ano passado R$15 milhões na ampliação de vinhedos e em inovação e modernização do parque fabril. As operações foram executadas em quatro unidades: a Vinícola Salton, em Bento Gonçalves; a Azienda Domenico, em Santana do Livramento, a Enoteca Família Salton e o Complexo Presidente.

Acusação de trabalho escravo 

No último dia 22, a Polícia Rodoviária Federal fez o resgate de mais de 200 pessoas que estavam em condições análogas à escravidão durante uma operação policial em Bento Gonçalves (RS). As pessoas que se encontravam em situação precária de abrigo, higiene e alimentação, trabalhavam, principalmente, na colheita da uva, em propriedades rurais da cidade.

De acordo com essas pessoas, eles eram submetidos a violência verbal, física, ameaças de morte e recebiam alimentação estragada. Grande parte veio da Bahia com promessas de receber pagamentos de mais de R$ 3 mil. A empresa Fênix Serviços Administrativos e Apoio à Gestão de Saúde Ltda mantinha o trabalho escravo e tinha contrato com a vinícola Salton.

A Salton afirmou não ter conhecimento das irregularidades praticadas pela empresa terceirizada com a qual tinha parceria.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.