Queda livre? Um dos principais acionistas da Americanas vê seu patrimônio despencar nos últimos 5 anos

Jorge Paulo Lemann, um dos principais acionistas da Americanas, estava entre os nomes mais respeitados e temidos do universo corporativo e seus negócios e patrimônio não pararam de crescer. No entanto, no início de 2017, o jogo começou a virar. 

Naquele ano, Lemann foi rejeitado ao tentar comprar o conglomerado europeu Unilever pela bagatela de US$ 143 bilhões e uni-lo com a Kraft Heinz. Esta tentativa deixou evidente uma falha primordial: o foco obsessivo do modelo 3G nos custos, em vez de crescer o negócio, significando que necessitava de uma lista imensa de grandes alvos que pudessem comprar e extrair economias para continuar tendo  lucros.

Diante deste apetite insaciável por novas compras, o 3G vacilou. Os preços das ações da Kraft Heinz e da Anheuser-Busch (que tecnicamente está fora do 3G) caíram vertiginosamente, a fortuna coletiva de Lemann e de seus sócios foi reduzida em US$ 14 bilhões, e o tão falado  modelo 3G, para todos os efeitos, acabou.

Todos estes fatores se refletiram na riqueza de Jorge Lemann. A fortuna do empresário bateu os US$ 32,2 bilhões no fim de 2017, quando ele estava no 25º lugar no mundo, segundo o Índice de Bilionários da Bloomberg. De lá pra cá, caiu 34%, para US$ 21,1 bilhões, indo para a 77ª posição.

Lemann foi considerado por Luiz Cezar Fernandes, um de seus primeiros sócios, como um jogador de fundo de quadra. Não se aventura a subir à rede para um voleio temerário. Ele bate, rebate com efeito, nos cantos, deixando a plateia tensa e o adversário exausto. Controlado, aguarda o oponente impacientar-se e perder o ponto”.

Americanas 

O empresário que tem 83 anos, já atuava de forma mais contida quando a Americanas colapsou no início deste ano, após a revelação das inconsistências contáveis de R$20 bilhões nas contas da empresa.

Em apenas um dia, as ações caíram 77% e os títulos recuaram para apenas 15 centavos de dólar. Os credores agora estão criando estratégias para confiscar bens pessoais de Lemann.

A crise que aconteceu envolvendo o império de Gautam Adani, bilionário indiano que perdeu R$ 42 bilhões em apenas dia, decorrente também de questionamentos sobre práticas contábeis em suas empresas, pode ter esfriado o interesse pela Americanas na imprensa internacional, mas por aqui, a varejista segue no foco.

YouTube video player
Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.
Sair da versão mobile