Bradesco admite esta falha e deixa todos preocupados

Após o Bradesco obter resultados bem abaixo do projetado no quarto trimestre do ano passado, os executivos do banco admitiram que falharam. Ele afirmou que a perda de renda dos clientes da instituição aconteceu mais cedo do que o esperado.

“Devíamos ter restringido mais cedo nossa política de crédito”, disse Octavio de Lazari, CEO do Bradesco, no início da teleconferência sobre o balanço com analistas. Ele também falou sobre a perda de renda dos clientes. “Temos importante exposição à baixa renda e pequenas empresas”, disse Lazari.

Na visão do CEO, o banco emprestou mais do que poderia durante a fase mais crítica da pandemia, momento em que os índices de inadimplência estavam baixos. Naquele momento, o Bradesco concedeu mais crédito em linhas de risco mais elevado, que incluem clientes de renda baixa e empresas pequenas, o que causou uma escalada de empréstimos inadimplentes.

No Bradesco, o índice de inadimplência para empréstimos acima de 90 dias aumentou 0,4 ponto percentual em comparação com o terceiro trimestre do ano passado, para 4,3%. Quando comparado com dezembro de 2021, é vista uma alta de 1,5 ponto percentual.

Houve ainda uma piora nas dívidas vencidas entre 15 a 90 dias, que subiram de 3,6% no terceiro trimestre para 4,1%. No entanto, Lazari afirmou que o banco já começou a se movimentar para resolver a situação, ao adotar uma postura mais seletiva.

No último mês de dezembro, a taxa de aprovação de crédito massificado do Bradesco respondia por 67% do que o banco concedia ao final de 2021. O CEO afirmou que, este ano, o banco vai focar em mais operações colateralizadas (com garantias) e clientes de menor perfil de risco.

Ele admitiu que o perfil mais conservador do mix pode possivelmente afetar os spreads e, como consequência, as receitas do Bradesco. No entanto, ele disse ser possível balancear o crescimento entre as carteiras do banco, com taxas mais altas, a depender do caso, e menos concessões de cartão de crédito, por exemplo. A finalidade central é controlar a inadimplência.

A projeção é que o índice relacionado a clientes baixa renda e pequenas empresas passe  a se estabilizar a partir do terceiro trimestre desde ano e, a partir daí, se inicie uma contração.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.