Pix ser o grande aliado da Justiça na busca dos financiadores dos atos em Brasília

Os atos de vandalismo que aconteceram no último dia 8 de janeiro em Brasília deixaram rastros que podem ser investigados. O PIX se tornou um dos meios mais usados para sustentar o movimento negacionista eleitoral liderado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, permitindo que os apoiadores mais extremados financiem os meios de comunicação alternativos e movimentos que resultaram naquele domingo de terror.

Ao passo que as autoridades investigam a identidade dos financiadores desse ato, o PIX, ferramenta usada para bancar o movimento, será utilizada pelos investigadores para derrubá-lo, afirmaram para a Reuters alguns policiais e autoridades que são especializados em combate à lavagem de dinheiro.

“Estamos com uma linha segura de investigação consistente justamente no rastreamento das movimentações financeiras realizadas através do Pix”, afirmou a Reuters um policial federal de alto escalão que faz parte da investigação. Certamente chegará a vez dos financiadores”, disse ele.

Alexandre de Moraes, ministro do Supremo Tribunal Federal que está à frente da investigação da invasão, juntamente com ministro da Justiça, Flávio Dino, afirmaram que pretendem priorizar a descoberta dos financiadores do ato golpista, que provavelmente vão enfrentar acusações parecidas aos 1.398 invasores presos. Eles são acusados de crimes como terrorismo e tentativa de golpe.

O PIX conseguiu adentrar em diversos espaços e situações do dia a dia das pessoas, inclusive no amplo e indisciplinado universo de blogs e canais do Youtube usados por apoiadores de Bolsonaro. 

Estes influenciadores da extrema-direta apoiadores do ex-presidente estão sempre revelando suas chaves PIX nos vídeos e lives que realizam no YouTube e Instagram, pedindo doações através da ferramenta.

Um deles é Enzo Leonardo Suzin, um Youtuber conservador famoso como Enzuh. Ele afirmou ao UOL que a maior parte de sua receita ainda é oriunda de anúncios, mas as contribuições via Pix já respondem por até 20% da receita. “Sempre usei crowdfunding para melhorar a qualidade do canal”, disse Suzin, que foi alvo de uma investigação do Supremo Tribunal Federal sobre supostas fake news em 2020.

De acordo com a polícia especializada em lavagem de dinheiro e empregados do Banco Central afirmaram que as doações através do PIX serão imprescindíveis para os investigadores descobrirem quem organizou o ataque terrorista. “É uma ferramenta extremamente poderosa dentro desse contexto investigativo e não tenho dúvidas de que será usada”, disse Bernardo Mota, ex-funcionário do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) ao UOL.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.