Investimentos de renda fixa têm nova regra e você precisa ficar ligado

Pontos-chave
  • Entenda o que significa a marcação a mercado
  • Investimentos em renda fixa também ficam sujeitos à volatilidade

Nesta segunda, 2, os títulos corporativos como títulos públicos, Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRI), debêntures ou Certificados de Recebíveis Agrícolas (CRA) começam a  passar pela chamada. Entenda.

A partir desta marcação a mercado, passa a ser possível monitorar a valorização ou desvalorização dos investimentos em tempo real. A alteração foi decorrente de uma resolução da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) que tem a finalidade de trazer mais transparência para os investimentos.

A partir desta resolução, o investidor conseguirá acompanhar através da corretora diariamente o desempenho de seus ativos, tendo acesso a quanto iria ganhar caso decidisse vender os títulos naquele dia, antes da data de vencimento.

Os investimentos em renda fixa também ficam sujeitos à volatilidade, como desvalorização com passar do tempo por conta da taxa de juros, ou “calote”, por exemplo.  Isto acontece pois o valor do investimento é emprestado a um determinado setor e teoricamente é devolvido com juros no tempo determinado.

Na visão do especialista em renda fixa e sócio da Quantzed, casa de análise e empresa de tecnologia e educação para investidores, Ricardo Jorge, esta nova resolução é uma boa.

“Essa é uma novidade significativa para o mercado de capitais, principalmente para o investidor pessoa física. É importante que o investidor tenha acesso à informação e saiba que se levar o investimento até o vencimento não vai realizar prejuízo e a taxa que contratou estará garantida. Agora, o investidor terá acesso ao valor do patrimônio dele exatamente em função de como é a realidade do mercado”, disse ele ao E-Investidor.

Já o sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil Investimentos, Idean Alves, relembra  que o mercado financeiro é um exercício de oferta e demanda, os investidores devem ter ciência de que na renda fixa não é diferente.

 “A partir de janeiro, o investidor comum vai ver a renda fixa oscilar e, em alguns casos, como se fosse renda variável, o que para alguns pode ser estranho, em especial para o cliente mais conservador que não gosta de volatilidade. Quem entender bem esse mercado vai poder inclusive sair com um ganho antecipado das aplicações. O segredo é manter a calma e entender que isso faz parte do movimento de mercado”, disse ele ao E-Investidor.

A marcação a mercado não é algo obrigatória para investidores qualificados, que são aqueles que declaram possuir mais de R$ 1 milhão em investimentos financeiros.

Vale destacar que, mesmo que os valores dos ativos comecem a ser atualizados, caso o investidor mantenha os papéis em sua carteira até o vencimento, ele vai receber como retorno a taxa de remuneração que foi contratada quando os comprou. O objetivo desta nova medida é somente o de oferecer a oportunidade de acompanhar os preços em tempo real e constatar se existe possibilidades de ganho com a saída antecipada do papel.

O estrategista chefe da Acqua Vero Antonio van Moorsel, explicou que apesar do nome, a renda fixa não é “fixa” em todas as situações. “Caso o investidor deseje resgatar o investimento antes do prazo de vencimento, estará sujeito a oscilações, que podem ser positivas ou negativas”, disse ele ao InfoMoney.

“A mudança também é positiva por atrair investidores para o mercado secundário, que passará a oferecer mais oportunidades de lucro também em curto prazo”, disse van Moorsel.

Mas, ele diz que no caso daqueles investidores que miram no longo prazo, mantendo os títulos até o vencimento, nada vai mudar. “Para esses, a renda fixa continuará fixa e previsível como sempre foi. Ou seja: a rentabilidade pactuada no momento da compra do título será a que o investidor receberá no vencimento”, explicou ele ao InfoMoney.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.