Pesquisa mostra como maior parte da população das classes C, D e E usam empréstimos

Diante da situação econômica atual do país, é comum que algumas pessoas precisem recorrer a empréstimos para dar conta das despesas. No ano passado, cerca de 50% das famílias do país tiveram que recorrer a um empréstimo para pagar contas de consumo e até mesmo para comprar alimentos.

Pesquisa mostra como mairo parte da população das classes C, D e E usam empréstimos (FDR)

Foi o que mostrou a pesquisa do Instituto de Pesquisas Plano CDE, que tenta mapear os desafios da inclusão financeira nos últimos quatro anos no Brasil, focando na parcela da população que conta com uma renda familiar per capita de até R$2 mil, ou seja, as classes C,D e E.

“O planejamento é essencial, você deve colocar na ponta do lápis tudo o que você gasta”, explicou o professor José Carlos de Souza Santos da Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Atuária (FEA) da USP ao Jornal da USP.

Por volta de 140 milhões de brasileiros pertencem as classes C,D e E. O professor explica que a prática de pegar empréstimos é recorrente.

“Quando você tem uma situação que leva as famílias a pegar algum empréstimo para pagamento de gastos básicos, é realmente uma situação ruim. Mas eu diria que isso não pode ser uma prática recorrente como solução para essas famílias. Você não pode, todo mês, tomar um empréstimo para pagar algum desequilíbrio financeiro: isso tem que ser algo que acontece esporadicamente. Esse empréstimo vai ter que ser pago nos meses subsequentes”, explicou ele ao Jornal da USP.

Ao longo da pandemia do coronavírus, muitos brasileiros perderam seus empregos. “Em 2020, no auge da pandemia, nós tivemos milhões de famílias que perderam sua atividade principal e o governo foi obrigado a prover para essas famílias, não só famílias de baixíssima renda, mas famílias cuja atividade econômica foi interrompida, como taxistas, garçons. Durante esse período de 2020 e no início de 2021, foi essencial para a sobrevivência da população. Além disso, o governo colocou políticas de manutenção de emprego. Nós tivemos um aumento muito grande do número de desempregados ao longo de 2020, em 2021 isso já diminuiu e em 2022 está diminuindo mais ainda”.

José alerta ainda para o fato de as modalidades de crédito mais fáceis e imediatas, como o cheque especial e o rotativo do cartão são as mais caras. “As mais simples e imediatas são o cheque especial e o cartão de crédito: você não precisa pedir, você tem um cheque especial ou tem acesso a um cartão de crédito, você pode tomar um empréstimo imediatamente. Porém, as taxas são as mais altas possíveis: se você entrar num processo de endividamento com cartão de crédito ou com cheque especial, você tem taxas que, por vezes, podem chegar a 7%, 8%, 10% ao mês. Conseguir sair desse empréstimo fica difícil”.

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Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.