Cartões de ‘crébito’ são cada vez mais comuns. Saiba como funcionam e se vale a pena ter o seu

Pontos-chave
  • Conheça mais sobre cartões de "crédito"
  • Saiba se vale a pena ter um

De acordo com uma balanço realizado pela ABECS (Associação Brasileira das Empresas de Cartões), ao longo do segundo trimestre deste ano, compras efetuadas através de cartões pré-pagos aumentaram 84,7%, em comparação com o mesmo trimestre do ano passado. No total, este tipo de transação respondeu por um montante de R$59 bilhões entre os meses de julho a setembro.

Este tipo de cartão será um dos mais afetados pela Resolução nº 246 que adotada pelo Banco Central. Foram determinadas pelo órgão algumas alterações na tarifa de intercâmbio (TIC) deste instrumento com a finalidade  de combater a anomalia do chamado ‘Crébito’ que se caracteriza pela transação de pagamento efetuada com cartão pré-pago, mas usando a “trilha” do crédito.

Foi determinado pelo Banco Central que a partir do dia 1º de abril do ano que vem, a TIC (tarifa de intercâmbio) relativa às transações com cartões pré-pagos, deverá operar com o percentual máximo de 0,7%.

Esta decisão deve se refletir diretamente  no modelo de negócios das fintechs,  ou bancos digitais, que diante de algumas limitações em termos de autorizações do BC acabam disponibilizando o cartão pré-pago para ofertar uma experiência de conta corrente aos seus usuários, mas sem possuir o cartão de débito.

“Atualmente essas startups trabalham com TICs que variam entre 1,1% e 1,5% no pré-pago. A redução para 0,7% obrigará as fintechs a acelerarem a transformação de seus modelos de negócio para se adaptarem à iminente perda de receita”, explicou ao FintechLab o CEO da boutique de consultoria para o mercado financeiro e de pagamentos Xsfera, Fausto Ferraz de Arruda.

Ele diz ainda que esta mudança na cobrança da TIC para cartões pré-pagos no caso dos estabelecimentos comerciais, representa um possível “achatamento” da taxa de desconto, aquela aplicada pelas credenciadoras, que geralmente, é formada pela taxa de intercâmbio. 

Também é uma vantagem da mudança a diminuição do prazo de recebimento (para D+2, em média), evitando que os estabelecimentos precisem recorrer à antecipação de recebíveis () para não prejudicar o fluxo de caixa.

O que é crébito?

O Crébito é uma modalidade de pagamento para quem tem cartão de crédito. O termo surgiu através da junção das palavras “crédito” e “débito”. Está é uma opção ideal para as compras realizadas nos ambientes virtuais onde somente a função de “crédito” está liberada.

No processamento, a compra é identificada como pagamento via crédito, no entanto, na realidade, o valor é descontado da conta da pessoa de forma imediata, sendo necessário ter saldo disponível.

Como pedir o cartão de crébito?

A solicitação deste tipo de cartão deve ser feito através do aplicativo do seu banco. O procedimento costuma ser simples. As instituições financeiras também disponibilizam uma versão digital do crébito, o que facilita o cancelamento em caso de suspeita de fraude na operação. 

Vale a pena?

Esta modalidade é uma boa saída para aqueles consumidores que não possuem um cartão de crédito.

Como será em 2023

Esta definição do Banco Central começa a vigorar no dia 1º de abril do próximo ano. Com isso, as empresas têm uma prazo razoável para se preparar para este novo momento.

“Várias das empresas surgiram com modelo de negócio baseado preponderantemente na monetização via TIC e elas serão as mais impactadas. As fintechs terão que acelerar o desenvolvimento e lançamento de novos produtos que tenham potencial de monetização”, disse Gustavo ao Startups.

Na visão de Gustavo, existem dois caminhos a partir desta mudança para as fintechs: O primeiro deles é passar a oferecer produtos de crédito que estavam até esse momento em segundo plano. Já o segundo caminho é focar mais em ofertas de software como maneira de monetizar.

“Se consegue oferecer valor para o cliente via softwares, é possível cobrar assinaturas e não depender apenas das taxas de intercâmbio”, disse Gustavo. Caso não criem novos produtos, essas empresas terão que gerar um volume enorme de transações para compensar a queda da taxa de intercâmbio.

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Paulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.