Através de um relatório, o Citi afirmou que os mercados financeiros podem ter se enganado ao acreditar que o presidente eleito Lula iria seguir uma agenda fiscal ortodoxa e acrescentou que o banco cortou sua exposição a riscos do Brasil diante desta nova avaliação.
“O mercado parecia ter se convencido de que o presidente (eleito) Lula seria fiscalmente ortodoxo. O fluxo de notícias mais recente agora coloca essa hipótese em dúvida”, disse Dirk Willer, chefe de estratégia de mercados emergentes do Citi Research no documento, que foi divulgado na última quinta, 10.
O comentário aconteceu após a queda dos ativos brasileiros naquele dia, decorrente do receio de descontrole fiscal no governo Lula.
O presidente eleito deseja propor uma emenda constitucional para acomodar gastos extra-teto no próximo ano e vem criticando constantemente as regras fiscais atuais do país. Investidores também não reagiram bem à inclusão do nome do ex-ministro da Fazenda Guido Mantega, considerado como menos ortodoxo, na equipe de transição de lula.
Na última quinta, o dólar cresceu 4% frente ao real, tendo seu maior ganho diário desde o começo da pandemia do coronavírus, ao passo que o Ibovespa caiu 3,35%, maior queda desde novembro do ano passado. Este movimento contrastou com a disparada dos ativos brasileiros na semana seguinte à eleição de Lula.
“Os ativos do Brasil vinham se mostrando bastante atraentes antes desse evento… Desta forma, a alocação provavelmente está saturada, o que pode levar a um tempo de reação mais longo do que apenas um dia”, falou Willer ao InfoMoney a respeito dos tombos do real e do Ibovespa e a disparada dos juros futuros.
“O fato de a notícia chegar num momento em que o resto do universo emergente está recebendo forte apoio de um índice de preços ao consumidor dos EUA abaixo do esperado não ajuda. Por isso, passamos a ficar de lado e cortamos nosso risco Brasil”, complementou o estrategista.
Wller detalhou que entre as medidas adotadas pelo Citi, foram reduzidas as posições vendidas no par dólar australiano/real e levou as posições do Brasil em sua carteira de títulos de mercados emergentes novamente a um nível neutro.
Mesmo com esse receio do banco, ele ponderou dizendo crer que o novo governo do país consiga eventualmente moderar sua posição em relação ao fiscal.