ENEM 2022: confira 5 temas que podem cair na prova de redação

No próximo domingo, 13, serão aplicadas as provas de linguagens, códigos e suas tecnologias e ciências humanas e suas tecnologias, além da redação. O ENEM 2022 contará com dois formatos de prova, impressa e digital, no entanto, todos os candidatos farão a produção de texto de forma manuscrita.

ENEM 2022: confira 5 temas que podem cair na prova de redação
ENEM 2022: confira 5 temas que podem cair na prova de redação (Imagem: FDR)

A preparação para o ENEM 2022 vai além de estudar conteúdos, é necessário prática, tanto respondendo simulados, quanto produzindo textos. A redação do Exame Nacional do Ensino Médio é um ponto determinante para os futuros processos seletivos, afinal, em diversos ela é um critério de desempate.

Também por isso muitos estudantes têm medo dessa prova; se preparar estudando os possíveis temas pode ser uma boa estratégia para os participantes.

5 possíveis temas da redação do ENEM 2022

O Globo fez um levantamento com os possíveis temas que podem aparecer na prova de redação desse ano, confira quais são eles e os textos elaborados por professores:

Tema: Parcerias entre indústrias e universidades

Em 2015, a fim de garantir um futuro mais justo para o mundo, a comunidade internacional comprometeu-se com um pacto de 17 metas que deverão ser cumpridas até 2030. Nelas, os 157 países signatários definiram objetivos para a industrialização inclusiva e estabeleceram, como uma das principais ações, tornar sustentável o setor secundário. Entretanto, no Brasil, é possível apontar uma série de obstáculos à construção de infraestruturas industriais resilientes e, consequentemente, ao cumprimento integral do acordo. Torna-se fundamental, dessa forma, destacar que um dos principais entraves está na relação da indústria com a universidade.

Nessa perspectiva, os polos de pesquisa são essenciais para o desenvolvimento de possibilidades sustentáveis. A USP e a Universidade Presbiteriana Mackenzie são exemplos que têm apontado soluções para questões como a da promoção da eficiência energética ou da responsabilidade com o entorno, preocupações concatenadas a outros tratados, como o Acordo de Paris. Posto isso, à medida que há um plano de adoção de tecnologias socioambientais, faz-se necessário o setor ampliar o investimento na produção científica.

Ademais, quando a indústria absorve as inovações sustentáveis produzidas pelas universidades, por conseguinte, ocorre um impacto positivo na sua rentabilidade. Aliás, empresas que têm se preocupado com o nível de biodegradabilidade do produto fabricado e com processos industriais limpos agregaram um valor social maior à marca e estabeleceram diferenciais na venda. Dessa forma, falta à própria indústria nacional compreender que investir em ciência não contribui somente para atingir as metas de sustentabilidade impostas pelas agências externas e órgãos de controle e avaliação, mas também para a sua competitividade no mercado internacional.

Em síntese, a alocação de recursos em ciência e educação deve ser entendida como uma implementação do acordo global. Para alcançá-la, cabe ao setor secundário, em parceria com o Ministério da Educação, apoiar redes e laboratórios universitários que desenvolvem pesquisas relacionadas à industrialização inclusiva e sustentável, por meio de financiamentos de projetos, bolsas de estudo e patrocínios em eventos acadêmicos. Essas ações poderão colaborar na formação de jovens estudantes, criar situações de troca de conhecimentos entre indústria e universidade para formar uma visão crítica e responsável a respeito da problemática. Assim, a universidade poderá ser a mais importante parceira na melhoria das capacidades tecnológicas, sociais e ambientais de setores industriais brasileiros.

Por Luis Octavio Alves, professor de Produção de Textos e Storytelling do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo, em parceria com Cassia Dutra, professora de Produção de Textos e Análise Linguística do Colégio Presbiteriano Mackenzie São Paulo.

Tema: Insegurança alimentar

No curta-metragem brasileiro “Ilha das Flores”, premiado com Urso de Prata no Festival de Berlim, observa-se, de forma bem pragmática, o drama da insegurança alimentar vivido por milhões pessoas no país. Entretanto, a gravidade da situação não tem servido de estímulo a mudanças significativas e céleres em relação a esse triste cenário. Tal fato ocorre em vista da falta de políticas públicas em alimentação e da desigualdade social no país.

Sob esse viés, é fundamental a percepção de que, no Brasil, em função de a produção do agronegócio ainda estar muito voltada às commodities – mercadorias destinadas prioritariamente aos grandes mercados consumidores para a fabricação de outros bens diversos –, a população fica bastante prejudicada em termos do acesso aos alimentos e tal situação promove impactos significativos, no que diz respeito ao agravamento do quadro da insegurança alimentar brasileira. Nesse sentido, o documentário “10 bilhões – O que tem para comer?”, lançado em 2015, identifica-se um desafio real e atual, o qual envolve a cadeia do agronegócio, traduzido pela dúvida acerca de como alimentar a população mundial em 2050. A essa discussão, associa-se também a incerteza da existência de alimentos para países como o Brasil. Dessa forma, é notória a necessidade do combate à fome no país.

Ademais, é crucial ressaltar que a insegurança alimentar tem como uma das causas a desigualdade no Brasil. Nesse contexto, na obra “Amar Elo”, protagonizada pelo rapper Emicida, sinaliza-se um país repleto de disparidades sociais, principalmente, em relação aos negros que, historicamente, foram excluídos e, em consequência, não tiveram acesso a diversos espaços na sociedade. Tal cenário gera um efeito dominó, uma vez que a injustiça social provoca o afastamento de oportunidades que poderiam garantir melhores condições de vida às pessoas e não a vulnerabilidade social vigente, que se traduz, hoje, em insegurança alimentar invariavelmente. Assim, percebe-se que a fome passa a antagonista dentro de uma narrativa construída ao longo da história, cujo desfecho dramático é bastante conhecido pelo povo brasileiro.

É evidente, portanto, que a insegurança alimentar é uma realidade lamentável no país. Para combatê-la, é mister que o Ministério da Agricultura, órgão responsável pela gestão de políticas públicas de estímulo à agropecuária, integre desenvolvimento sustentável e abastecimento de mercado, por meio de controle econômico e de reestruturação de investimentos, a fim de extinguir a fome. Além disso, é vital que o Estado subsidie pequenos produtores, principalmente, das áreas rurais, com o fito de fortalecer o setor produtivo nacional. Somado a isso, vale lembrar que a manutenção de programas como o Bolsa-família é essencial, em caráter assistencialista, com o objetivo de se reduzir, consideravelmente, a situação de miséria em que vivem muitos indivíduos. Dessa maneira, a abominável realidade retratada no documentário “Ilha das Flores” não mais chocará a sociedade, visto que passará à ficção.

Por Tatiana Nunes Camara, professora de língua portuguesa e produção textual do colégio Mopi

Tema: Endividamento

A série “Round 6” narra a história de pessoas que, desesperadas por dinheiro e altamente endividadas, submetem-se a um jogo mortal em busca de um prêmio milionário. Mesmo ficcional, a obra evidencia uma triste realidade presente na contemporaneidade brasileira: o endividamento. Nesse sentido, compreender os fatores que potencializam esse preocupante cenário de crescente descontrole financeiro torna-se urgente.

Diante disso, cabe analisar o consumismo presente no país. Inegavelmente, essa marca dialoga com o fato de sermos um povo altamente ligado às mídias e influenciado por elas. Decerto, quando o assunto em questão é o consumo, o que se observa é um imaginário popular levado a crer na íntima ligação entre o comprar e a felicidade. Essa construção se deve à máxima capitalista do lucro e ao favorecimento do sistema a partir desse estímulo ao gasto desnecessário. A consequência direta é um cenário de propagandas persuasivas e capazes de criar necessidades de consumo; a indireta, uma população endividada, que parcela no cartão suas frustrações e seus anseios.

Além disso, é fundamental destacar o aumento do desemprego e seu impacto na renda do trabalhador brasileiro. Inegavelmente, desde 2015, uma crise financeira, capaz de limitar o acesso a oportunidades no mercado de trabalho e de ampliar as disparidades socioeconômicas, já era observada. Acontece que a chegada da pandemia e a negligência governamental em torno de seu enfrentamento intensificaram o problema e potencializaram o cenário de reduzida empregabilidade. Como consequência, acessar direitos mais básicos, alimentação, por exemplo, tornou-se um privilégio, o que levou parcela significativa da população a parcelamentos e a dívidas no cartão de crédito. Prova disso é que, segundo a Confederação Nacional do Comércio, o endividamento mínimo das famílias brasileiras chegou a 76,6% em fevereiro de 2022.

Evidencia-se, portanto, uma realidade de crescente endividamento nos lares brasileiros. Para reverter esse cenário, cabe ao Ministério da Educação, em parceria com as secretarias e a grande mídia, o fomento da educação financeira nas escolas, nas redes sociais e na televisão aberta por meio da criação de cursos populares com economistas e matemáticos. Tais cursos contarão com práticas didáticas que simulem a realidade, entendendo as diferenças existentes nas diversas classes sociais, bem como com “lives” e diversas propagandas educativas nos intervalos do horário nobre, a fim de iniciar um processo de organização monetária que contemple a sociedade como um todo. Além disso, compete ao Congresso Nacional a ampliação de projetos de transferência de renda à população mais marginalizada. Desse modo, a partir de importantes ações, será possível construir uma realidade brasileira sem a necessidade de jogos mortais para lidar com o endividamento.

Por Roberta Panza, professora de Redação do Colégio pH

Tema: Envelhecimento da população brasileira

A Revolução Industrial, iniciada a partir do século XVIII, foi um marco na evolução da longevidade em todo o mundo devido aos avanços da Medicina e do surgimento de infraestruturas de saneamento básico de higiene. A partir desse contexto, observa-se, no Brasil, o aumento da expectativa de vida da população, o que traz inúmeros desafios para o País. Dessa maneira, é necessário analisar as consequências de tal quadro na vida do cidadão.

Sob esse viés, observa-se uma inversão da pirâmide etária brasileira, a qual faz com que a população economicamente ativa (PEA) diminua ao longo dos anos. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a esperança de vida dos brasileiros era de 76,8 anos em 2020, o que leva a uma preocupação com os fundos previdenciários, uma vez que, sem o devido planejamento, há o risco real de muitos cidadãos não terem assegurado o direito de receber sua aposentadoria. Nesse sentido, é inadmissível que o Estado se omita diante dessa questão.

Ademais, é evidente o impacto da longevidade no Sistema Único de Saúde (SUS). Apesar dos avanços tecnológicos na Medicina, um população predominantemente idosa necessita, obrigatoriamente, de maior atenção à sua saúde. Essa necessidade é, inclusive, reafirmada no Estatuto do Idoso, o qual assegura tal direito de maneira gratuita e de qualidade a essa parcela social. Em função dessa demanda, os hospitais serão pressionados e, sem os investimentos necessários, haverá o comprometimento dos serviços hospitalares.

Portanto, é importante atentar para os desafios que o aumento da esperança de vida impõe à sociedade brasileira. Assim, cabe ao Ministério da Cidadania revisar as falhas no sistema previdenciário por meio de uma reunião com especialistas em Economia, para que os idosos tenham uma aposentadoria justa. Além disso, o Ministério da Saúde deve ampliar o acesso dos cidadãos aos serviços públicos de saúde. Tal ação deve ocorrer a partir do investimento em infraestrutura hospitalar, a fim de assegurar esse direito aos mais velhos. A partir dessas mudanças, a longevidade impulsionada pela Revolução Industrial não mais representará uma perspectiva problemática.

Pela Equipe de Redação do Colégio Qi

Tema: Educação financeira

De acordo com o filósofo Kant, o homem é fruto da educação que recebe. Inegavelmente, tal máxima se confirma quando observamos o cenário brasileiro: por não terem acesso à educação financeira, os brasileiros sofrem com obstáculos para gerenciar e, consequentemente, ampliar a própria renda. Nesse cenário, tal problema ocorre por conta de questões políticas e culturais, que precisam ser combatidas.

Com efeito, é inegável que há um descaso governamental acerca da situação. Segundo Rousseau, as leis existem para encaminhar a justiça ao seu objetivo. Ocorre, porém, que a realidade nacional se afasta dessa premissa: mesmo que uma lei institua desde 2010 a educação financeira como conteúdo transversal a ser tratado nas escolas, são raras as instituições que orientam acerca do tema. Tal contexto se dá por conta da histórica precarização da educação pública e da evidente dinâmica conteudista que domina o sistema educacional do país. Por conseguinte, crianças e adolescentes desinformados acerca de como gerir as próprias finanças se tornam adultos inadimplentes no futuro.

Além disso, outro fator que interfere nesse contexto é o elitismo em torno da discussão. Apesar de ser inegável a recente democratização do acesso a informações sobre o tema, principalmente na internet – a partir de Youtubers como Nathalia Arcuri e Nath Finanças, por exemplo -, a compreensão acerca de produtos e conceitos financeiros ainda é restrita, de maneira geral, a certo grupo socioeconômico. Isso ocorre, muitas vezes, por conta da mentalidade de que esse tipo de educação deve ser destinado a quem tem altos rendimentos e de que estaria vinculado simplesmente à gestão de ações e outros investimentos. Assim, por desconhecerem noções básicas de economia, muitos indivíduos se encontram em condições de descontrole financeiro que podem prejudicar não só o presente, mas dificultar a velhice de muitos, visto que, nesse período, é necessária certa reserva para que se possa ter uma aposentadoria com qualidade de vida.

Torna-se evidente, portanto, que o problema é grave e deve ser combatido. Nesse sentido, é urgente que o governo aplique a lei que institui a educação financeira como conteúdo obrigatório em todas as escolas. Por sua vez, a mídia – já que é uma instituição com forte papel social – deve divulgar mais informações sobre o tema por meio de reportagens e notícias que abordem os benefícios de saber movimentar as próprias finanças. Essa medida tem o intuito de democratizar esse tipo de conteúdo e, com isso, diminuir a percepção de que apenas pessoas com muita renda precisam dessas orientações. Com a execução dessas propostas, é inquestionável que a premissa kantiana será percebida de forma mais positiva.

Por Marina Ferraz, professora do Colégio e Curso AZ, parceiro da Plataforma AZ

 

Jamille NovaesJamille Novaes
Formada em Letras Vernáculas pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB), a produção de texto sempre foi sua paixão. Já atuou como professora e revisora textual, mas foi na redação do FDR que se encontrou como profissional. Possui curso de UX Writing para Transformação Digital, Comunicação Digital e Data Jornalismo: Conceitos Introdutórios; e de Produção de Conteúdos Digitais.