CVM toma decisão sobre FUNDOS DE INVESTIMENTO e gera POLÊMICA

Uma mudança em uma regra para os fundos de ações ativos, que procuram superar o Ibovespa, veio para atender um antigo pedido de alguns dos mais importantes gestores do país, no entanto acabou reduzindo a transparência para os cotistas, o que causou grande polêmica. 

Na semana passada, a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) autorizou que estes fundos escondam ações que adquiriram e em qual quantidade no site da autarquia pelo período de até seis meses. Antes da mudança, o período era do máximo três meses. A Resolução CVM 172 começa a vigorar a partir do dia 1º de dezembro e suas mudanças são experimentais e temporárias.

Há anos existe esta questão e o debate é separado em dois lados: o lado que defende o capital intelectual e as estratégias dos gestores e o outro lado que é favorável a livre competição no mercado e uma maior transparência para os investidores. Depois desta  alteração na regra, o primeiro lado levou a melhor na disputa, no entanto não existe ainda um consenso no mercado a respeito da decisão.

O grupo de gestores que procurou a CVM e atingiu seu objetivo disse que as suas compras e vendas de ações eram identificadas facilmente pelos concorrentes, em especial pelos que utilizam algoritmos de inteligência artificial, antes mesmo de eles terminarem de montar a carteira. 

Os investimentos eram antecipados e replicados. Segundo eles, a questão era que isso ajudava a subir o preço das ações, trazendo prejuízo a cotistas, e ia contra o direito de propriedade intelectual dos profissionais, que acumularam conhecimento com o passar dos anos para selecionar ações.

O ETF GURU11, fundo negociado na bolsa que procura reproduzir a carteira de um grupo de gestores renomados, acabou por aquecer essa discussão quando foi lançado, no final do ano passado.

Na visão de especialistas que são contrários à nova determinação dizem que ela é um contrassenso em relação ao objetivo da CVM de proteger o interesse dos investidores e garantir a ampla divulgação de informações, como é afirmado pela autarquia em seu site. Eles argumentam que os investidores menores, com menos educação financeira e acesso às informações dos fundos, acabam sendo os mais prejudicados com a decisão.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.