Entenda porque Lula precisa de apoio no Congresso e como isso afeta o seu bolso

Eleito presidente da República no último dia 30, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), terá pouco mais de dois meses para formar uma rede de apoio no Congresso para sustentar sua gestão no mandato entre 2023 e 2026.

Governo Lula deve priorizar o investimento para sanar com a fome através dessas propostas
Governo Lula deve priorizar o investimento para sanar com a fome através dessas propostas. (Imagem: FDR)

Vencedor das eleições com pouco mais de 60 milhões de votos, Lula terá uma árdua missão de formar maioria entre os deputados, pois o bloco de partidos de esquerda que apoiou sua candidatura conta apenas com aproximadamente 23,7% (122 dos 513) dos eleitos para a próxima legislatura no Congresso.

Contudo, o petista pode aumentar a sua base de governo caso consiga conquistar o apoio dos parlamentares eleitos por PDT, MDB e PSD, que apoiaram sua candidatura ao longo do segundo turno. Assim, atingiria o número de 223 deputados, pouco menos da metade da casa, ainda insuficiente para a aprovação de projetos a serem propostos na Câmara dos Deputados.

E como isso afeta o seu bolso?

Logo após a eleição de Lula, o mercado financeiro deu uma boa sinalização com a queda do Dólar e um considerável aumento (5,54%) nas ações da Bolsa, em São Paulo. Contudo, para que a maré favorável siga se fazendo presente ao longo do governo, há necessidade de um processo de estabilização político institucional do país.

Para isso, o processo de transição entre governos terá de abrir espaço para negociar com partidos mais à direita, que têm um viés mais liberal e agradam bastante os investidores internacionais.

Esta tentativa de conciliação será necessária para encontrar brechas para a modificação do orçamento do próximo ano, que já foi enviado pelo governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), além de trabalhar a aprovação de projetos de viés mais social com o enfoque na distribuição de renda e diminuição da pobreza.

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As negociações com um Congresso “de direita”

Para viabilizar a aprovação de projetos como a mudança no imposto de renda e novas políticas públicas de distribuição de renda, promessas de campanha de Lula, os petistas precisarão negociar com um congresso mais à direita.

Atualmente, a maior bancada da casa é composta por partidos bolsonaristas e ligados à Igreja Universal. Assim, PL, PP e Republicanos, principal frente de oposição, conta com 187 dos 513 deputados.

Além disso, ainda há a possibilidade do União Brasil, encabeçado pelo atual presidente da Câmara – e provável candidato à reeleição -, Arthur Lira (UB-AL), aderir ao principal bloco de oposição ao presidente Lula.

Dessa forma, o processo de transição, que será coordenado pelo vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin (PSB), precisará negociar não apenas com a oposição, mas também com os partidos do “Centrão”, considerados mais maleáveis, para tentar cumprir suas promessas de campanha e tentar recolocar o país no rumo do crescimento.

Entretanto, uma contrapartida que pode ser solicitada por estas instituições é a liberação de generosas emendas, garantindo verbas para os parlamentares destinarem da forma como desejarem, algo semelhante ao que se viu como prática ao longo do governo Bolsonaro, com o orçamento secreto.

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