Um alimento inusitado teve uma alta de 135% no acumulado dos últimos 12 meses. O índice se refere ao quilo da cebola, tornando-a o vegetal com o maior crescimento na prévia da inflação no mês de outubro.
A taxa de 135% para a cebola foi apurada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo 15 (IPCA-15), medidor oficial da inflação pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Em território paulista, o quilo do alimento saltou de R$ 2,75 para R$ 7,29 entre setembro de 2021 e setembro de 2022.
É o maior avanço entre os 367 subitens (produtos e serviços) que compõem o indicador de inflação. Na variação mensal, a cebola teve alta de 5,86% somente em outubro. O produto foi um dos responsáveis pela subida de 0,21% do grupo alimentação e bebidas, que havia recuado em setembro.
Especialistas acreditam que os agricultores estejam sem recursos para investir no cultivo, razão pela qual reduziram a área plantada. Aproximadamente, 70% da colheita é realizada por pequenos produtores familiares.
Mariana Marangon, do Centro de Estudo Avançado em Economia Aplicada (Cepea), explica que isso aconteceu porque, no ano de 2021, houve um excesso de produção. O resultado imediato foi a redução do valor pago aos produtores, gerando prejuízos graves.
“Essa redução de área plantada foi focada nas regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste. É uma estimativa de quase 18% de redução em relação ao ano passado. Por conta disso tem essa redução na oferta disponível e os preços estão mais altos”, diz Marangon.
Além disso, o setor sofreu com imprevistos climáticos no Nordeste e a alta dos preços das matérias-primas, como defensivos agrícolas e fertilizantes. Para Marangon, o preço pode voltar a cair de acordo com o resultado da safra na região Sul do país, que começa em novembro. No Centro-Oeste e no Sudeste, a colheita começa em maio e termina em outubro.
Lista dos alimentos afetados pela inflação em alta
Tipo de alimento | Variação em % em 12 meses | Impacto em % |
Refeição fora de casa | 8,36% | 0,31% |
Frutas | 29,46% | 0,27% |
Leite longa vida | 31,72% | 0,23% |
Pão francês | 17,12% | 0,13% |
Queijo | 22,61% | 0,12% |
Café moído | 35,36% | 0,12% |
Cebola | 135,87% | 0,12% |
Biscoito | 22,88% | 0,10% |
A inflação em alta continua pesando no bolso dos consumidores brasileiros. Os preços mais expressivos se mantêm no setor de alimentos, com ajustes alarmantes, chegando a 11,43% no acumulado de 12 meses encerrados no mês de outubro.