Shoppings NÃO recuperaram totalmente o público após a pandemia

O hábito de frequentar shoppings centers ainda não retornou para a rotina de muitos consumidores. Apesar da retomada das atividades após o período mais crítico da pandemia, os shoppings deixaram de receber cerca de 100 milhões de visitantes, uma redução de 21% da quantidade de 505 milhões que foram aos shoppings em 2019. Os dados são da Abrasce (Associação Brasileira de Shoppings Centers).

Mesmo com a volta do trabalho presencial em diversas empresas e do fim das restrições impostas pela pandemia, os shoppings estão mais vazios do que antes. De acordo com a pesquisa qualitativa realizada pela Abrasce, foi observada uma redução na frequência dos visitantes mais assíduos: pessoas que costumavam ir até seis vezes por mês aos shoppings agora vão de quatro a cinco vezes.

Na visão do presidente da Abrasce Glauco Humai, existem duas formas que podem explicar o que vem acontecendo. A primeira é que grande parte dos shoppings ficam em regiões de escritórios. Sendo assim, diversos visitantes eram trabalhadores que entravam nos shoppings na hora do almoço ou depois do expediente. Atualmente, esse público trabalha em casa alguns dias por semana “e não frequentam tanto o shopping quanto antes”, disse ele ao Suno.

Já a segunda forma de explicação é o do crescimento das vendas pela internet. Os consumidores estão procurando na rede produtos diversos, que vão desde livros a até alimentos, fato que vem “roubando” uma parte das compras que antes eram feitas de maneira presencial.

“O mundo físico cobra preços mais altos porque tem menos concorrentes ao lado. Na internet, os preços são mais baixos e a comparação é mais simples. É diferente de ter de se deslocar para outro shopping ou até diferentes lojas para ver o preço da mesma camiseta. A pandemia intensificou as possibilidades das compras via internet, como cashback e outros benefícios. Além disso, as pessoas se tornaram mais bancarizadas e podem comprar online”, disse também ao Suno Lorain Pazzetto, executivo da empresa de tecnologia de varejo Grupo Fcamara.

Na visão do sócio-diretor da consultoria Gouvêa Malls, Luiz Aberto Marinho, a retomada dos visitantes nos shoppings deve acontecer, mas com experiências além dos que as proporcionadas por restaurantes e lojas.

“Os shoppings já estão se ajustando à nova realidade em que o centro de compras terá recorrência devido a consultas médicas, cinema, almoços ou eventos. Por isso, vemos eventos como a exposição Mundo Pixar, no Eldorado, ou a do Van Gogh, no Morumbi Shopping”, disse Marinho ao Suno.

Paulo AmorimPaulo Amorim
Paulo Henrique Oliveira é formado em Jornalismo pela Universidade Mogi das Cruzes e em Rádio e TV pela Universidade Bandeirante de São Paulo. Atua como redator do portal FDR, onde já cumula vasta experiência e pesquisas, produzindo matérias sobre economia, finanças e investimentos.